Alunos em Roraima perderam ano letivo devido a protesto dos transporte escolar por falta de pagamento do governo. Foto: Arquivo/Roraima 1

O agricultor Maciel de Araújo, pai de dois estudantes da Escola Estadual Albino Tavares, conta que os filhos perderam o ano letivo de 2018 devido à falta de transporte escolar na zona rural de Boa Vista. Ao todo, 512 alunos tiveram o calendário letivo cancelado por falta de pagamento do governo de Roraima às empresas prestadoras do serviço. Os dados são da Secretaria de Educação e Desporto (Seed).

“Meus filhos ficaram sem aula durante o ano todo. A gente dependia do transporte escolar, mas infelizmente não tiveram compromisso e nem respeito com as nossas crianças. Agora é esperar que alguém tome uma providência”, disse o agricultor.

Mais de 60 empresas terceirizadas, que prestam o serviço nos 15 municípios de Roraima, paralisaram as atividades há mais de dois meses. Segundo o presidente da Cooperativa do Transporte Escolar de Roraima, Márcio André, o atraso no pagamento a algumas dessas empresas chega a sete meses.

“Desde o mês de abril as empresas não recebem o pagamento. A dívida do governo do Estado com a gente já chega em torno de R$ 17 milhões. Algumas chegaram a receber umas parcelas, mas a maioria não. Tivemos de suspender os serviço”, explicou o presidente da Cooperativa.

Sem previsão de pagamento, vans, micro-ônibus e caminhonetes estão estacionados em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, no Centro Cívico de Boa Vista, como forma de protesto. Em todo o estado, mais de 500 veículos estão parados, afetando um total de 30 mil alunos da rede pública.

Dos 512 estudantes que perderam o ano letivo, 233 são na escola Albino Tavares, região do Projeto de Assentamento PA Nova Amazônia; 139 da escola Roraima, em Caracaraí, e 140 alunos da escola José Pereira de Araújo, em Iracema. “As demais escolas sofreram paralisação parcial nos serviços de atendimento aos alunos, cerca de 30%. O transporte escolar está paralisado, mas não o atendimento educacional”, alega a Seed.

O que o Governo diz

A Secretaria de Educação e Desporto (Seed) informou, em nota, que a prioridade do governo estadual é o pagamento de salário dos servidores públicos, assegurado por medida judicial. “Os fornecedores e prestadores de serviços serão pagos de acordo com a disponibilidade orçamentária”, disse a nota.

A Seed alega que o Departamento de Educação Básica mapeou todas as escolas que dependem do transporte escolar e organizou o calendário de reposição de aulas com gestores pedagógicos por meio de atividades orientadas com alunos.

“Estas escolas estão se organizando junto à Seed para voltar já com o calendário de reposição, tão logo o serviço de transporte escolar se normalize. Será necessário, porém, nestes casos, que o ano letivo de 2018 adentre significativamente no ano civil de 2019. Medidas de preparação, organização e acompanhamento já estão sendo tomadas em conjunto pela Seed e as escolas em questão”, garantiu a Educação.

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