O sinal de que há algo errado com as obras milionárias do projete municipal de mobilidade urbana foi a decisão da prefeita Teresa Surita (MDB) em mandar duplicar a ponte que liga os bairros Cidade Satélite e Jardim Caranã, na extensão da Avenida Parimé Brasil, na Zona Oeste. O detalhe é que a obra foi inaugurada há cerca de um ano e meio, sem que ninguém tivesse notado o erro antes. Agora será necessário destruir o calçamento e a passarela de pedestre para que possa ser feita a duplicação, para que outra vez sejam construídos os novos calçamento e passarela.

A desculpa da prefeita é que o fluxo da avenida aumentou e seria necessário fazer a duplicação. Mas não procede. Embora sirva de alternativa para desafogar o conturbado trânsito da Avenida Carlos Pereira de Melo, para quem mora no Cidade Satélite, a Avenida Parimé Brasil ainda é evitada por quem se dirige ao Centro, pois optar por essa rota alternativa aumenta o percurso em 3Km. Em tempos de gasolina a preço absurdo, sair do Satélite pela Av. Parimé Brasil só mesmo por quem queira se livrar do tráfego pesado da Av. Carlos Pereira de Melo, mas sabendo que essa opção irá pesar seriamente em seu orçamento familiar.

Importante frisar é que essa obra deveria ter sido construída dentro do padrão daquela larga avenida, já que recurso não era problema, uma vez que o financiamento foi no valor de R$65 milhões. Ou será que no projeto original aquela ponte já constaria uma estrutura para quatro pistas de rolamento? Algum órgão fiscalizador teve a ideia de pedir o projeto original para tirar essa dúvida? Da forma que foi construída, a ponte estreita afunila o trânsito, o que em futuro mais distante iria representar um grande problema, por isso essa obra já deveria ter sido construída dentro do padrão da avenida.

Da forma que a ponte foi construída não representa apenas um erro gritante, mas também um vergonhoso desperdício de recurso público, já que será necessário destruir o que foi feito para adaptar a ponte ao tamanho da avenida. Como não há informações sobre essa e outras obras, fica difícil saber a verdade, daí a importância de se abrir a caixa-preta das obras de mobilidade urbana.

A falta de transparência é tão flagrante, naquela obra de duplicação, a ponto de não haver nenhuma placa indicativa para informar valor, qual empresa foi contratada, fonte do recurso e especificações do que está sendo feito. Ainda que houve essa placa, certamente ela seria igual às fixadas nas demais obras, com dados genéricos que nada ajudam o cidadão a fiscalizar a aplicação do dinheiro público. Então só no resta esperar que algum órgão fiscalizador possa cumprir sua função, para a qual o contribuinte paga muito bem, obrigado.

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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