Quando a denúncia na saúde foi direcionada a mau atendimento por parte de servidores público, o governador Antônio Denarium (PSL) convocou logo uma reunião e determinou abertura de uma sindicância para apurar responsabilidades. Porém, essa mesma agilidade e suposta vontade política não foram as mesmas quando o então secretário de Saúde, Ailton Wanderley, se demitiu do cargo fazendo gravíssimas denúncias de corrupção envolvendo políticos, familiares de autoridades, cooperativa de médicos e médicos concursados.

Na época, cogitou-se até a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, mas o assunto caiu no esquecimento. Nem o Governo do Estado se mostrou alarmado com o que foi denunciado pelo demissionário, em abril passado, cujo conteúdo foi postado em seu perfil na rede social Facebook, mas já devidamente deletado ou ocultado. Ele foi mais além: “Não entrei na secretaria para agradar corruptos. Entrei nela para lutar pela dignidade do meu Estado, que está morrendo sem saúde, sem educação, sem segurança e sem emprego”.

A propósito, o vice-governador Frutuoso Lins (PLS), que é médico e chegou a se rebelar contra o próprio governo, também se posicionando nas rede sociais sob alegação de que não estava sendo ouvido, silenciou-se profundamente não só sobre a questão da saúde, mas a respeito do governo de uma forma geral. E pelo andar dos últimos acontecimentos, parece que quem vai pagar todo o pato da saúde pública será o servidor público, naquele tipico adágio popular de que a corda só arrebenta do lado mais fraco.

Mas o fato principal é que não se pode ignorar o que denunciou o ex-secretário, pois ele tem todas as credenciais para falar com propriedade: é médico, foi deputado estadual por longos anos e já havia sido secretário-adjunto da Saúde no governo de Neudo Campos, quando ocorreram as mortes no berçário do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, caso denunciado em outubro de 2016. Portanto, conhece os meandros da política e do setor.

Enquanto os olhos estão fechados para a “pântano da saúde pública” – conforme as palavras do então secretário -, os graves problemas continuam ocorrendo nas unidades estaduais, com os velhos e crônicos problemas que vêm sendo reproduzidos de longas datas. Não se pode dizer que não haja culpa por parte de alguns servidores, mas estes representam apenas uma das partes do grande problema, mas não o principal deles.

Até aqui, a única decisão do governo em relação ao problema foi decretar Estado de Calamidade Publica na Saúde do Estado, sem atacar os grandes entraves que acabam por afligir toda uma população submetida a um serviço de péssima qualidade, piorado com a chegada em massa de venezuelanos, a quem as autoridades culpam incessantemente como forma de justificar o caos já instalado mesmo antes dessa crise imigratória.

De calamidade o Estado vive há tempos nos principais setores, a exemplo da Educação, onde nem merenda escolar o governo consegue entregar no interior do Estado, mesmo tendo assumido em dezembro passado, como interventor, e ter adiado o início do ano letivo nas escolas rurais e indígenas. A Saúde é só mais um capítulo do que o povo é submetido aos seguidos desgovernos. E os culpados por isso seguem sabendo que nunca serão responsabilizados por isso. Esse atual governo indica tudo continuará como antes…

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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