Foto: arquivo

A questão da saúde pública estadual não seria de difícil equação não fossem os esquemas poderosos que existem desde muito tempo no Estado, com enraizamento no então governo de Neudo Campos, hoje em prisão domiciliar, quando foi instalada uma cooperativa para administrar o setor. A partir dali, tudo foi loteado e o despojo dividido entre grupos políticos.

No segundo governo da família de Neudo, desta vez sob a administração da esposa dele, Suely Campos, a Saúde foi entregue de “porteira fechada” para os dirigentes da sigla partidária da qual ela pertencia, o PP, como moeda de troca a fim de garantir a candidatura dela para a reeleição. Nada de diferente do que já vinha ocorrendo, mas com um forte agravante: a chegada em massa de venezuelanos, a partir de quando a realidade não permitia mais que se fizessem arremedos administrativos e remendos com cuspe. E o caos se instalou definitivamente.

Mas os esquemas de corrupção prosseguiram – e quem disse isso foi o secretário demissionário Ailton Wanderley, quando ele escancarou a realidade publicamente; ele sabia do que estava falando porque foi secretário adjunto no primeiro governador Neudo Campos, quando ocorreu o maior genocídio de bebês no berçário da até hoje única maternidade pública do Estado.

O hoje governador Antonio Denarium elegeu-se prometendo fazer tudo diferente e estancar a sangria da corrupção. E havia até uma luz de esperança porque o vice dele é médico e também veio com discurso de transformação e moralização (pra rimar mesmo!). Mas parece que eram só promessas, pois nada mudou até agora e o vice simplesmente calou-se, como se nada estivesse acontecendo no setor que ele conhece muito bem.

O povo havia dado recado de que não admitia mais a bandalheira quando impôs a maior derrota da história política de Roraima a um governo em campanha para reeleição com a máquina nas mãos. Queria tanto uma mudança imediata que até aceitou, de bico calado e sem titubear, que o presidente Michel Temer (MDB) promovesse uma intervenção federal no Estado de Roraima, antecipando o governo de Denarium com o afastamento imediato de Suely.

Então, assim chegamos até aqui com o mais do mesmo, com um vice-governador médico em um silêncio sepulcral e um governador que até agora só teve forças para mudar de secretários na pasta, valendo lembrar que a atual titular da saúde era advogada da cooperativa apontada como ponta de lança da corrupção denunciada pelo então secretário demissionário.

A novidade é que o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jalser Renier, após uma visita ao Hospital Geral de Roraima (HGR) há cerca de 15 dias, em uma tarde de domingo, anunciou um pacto em prol da saúde pública, alimentando uma ponta de esperança de que tudo posso mudar para melhor. E assim o cidadão roraimense está em relação à saúde pública, cansado das mesmices que empurraram o Estado para um buraco.

O contribuinte deseja que as lideranças políticas eleitas e reeleitas promovam uma nova forma de fazer política, especialmente se desarmando da politicalha e se unindo pelo bem maior de todos, o interesse coletivo. Enquanto espera por mudanças na saúde, também apoia que esse pacto atinja a Segurança Pública e a Educação. Não podemos mais admitir que Roraima se esfacele sem que as autoridades mostrem interesse em mudar. É para isso que foram eleitos e é isso que todos esperam nesse momento crítico. Só a união pode permitir um novo rumo.

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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