Fotos enviadas por moradores de algumas ruas do bairro Senador Hélio Campos: lama e tormento diariamente

Embora intensas chuvas tenham castigado a cidade nesses últimos dias, as famílias que moram nos bairros periféricos sofrem com as consequências do inverno desde sempre. Tal realidade é porque Boa Vista se tornou uma cidade maquiada para parecer que tudo está organizado, que funciona de acordo com a estética implantada em pontos centrais. Avançou em muitos pontos, mas a infraestrutura não é das melhores.

Basta pegar qualquer avenida central, que esteja asfaltada e arborizada, que dê acesso aos bairros da zona Oeste, e entrar em qualquer rua paralela. Logo será notada a cena comum naquela região da cidade, como falta de asfalto e de saneamento ou mesmo alagamentos que causam tormento a cada ano. Realidade esta que pode ser vista em bairros mais antigos, onde a estrutura já deveria ter sido melhorada.

Há bairros que estão completamente ilhados pela lama, a exemplo do Senador Hélio Campos. Esse bairro só tem a rua principal asfaltada, esta que dá acesso ao Conjunto Cidadão, localizado no bairro Laura Moreira, o último da área urbana na zona Oeste. O tormento é muito grande para quem reside naquela região esquecida pelo poder público em todos os sentidos.

Para se ter uma ideia, quem mora no Hélio Campos é obrigado a colocar os pés na lama todos os dias para sair de casa. Literalmente. Todas as ruas são tomadas por buracos, lama e atoleiros. Há locais onde nem carros passam mais por causa do lamaçal que virou atoleiro. E imagine que viaturas da polícia jamais se arriscariam por lá, principalmente à noite, quando ladrões agem costumeiramente naquele setor. Lá há um toque de recolher quando a noite cai.

Na Rua Rosa Oliveira de Araújo, durante o verão, os moradores tiraram dinheiro do próprio bolso para colocar aterro em frente de suas casas. Porém, a lama acumulada durante as chuvas é tão intensa que o aterro se tornou um atoleiro. Nem o caminhão do lixo consegue mais passar por lá. O sofrimento é diário. Crianças que vão para a escola e pais que saem para trabalhar precisam tirar os sapatos para que possam atravessar as imensas poças de lama.

Essa rua é interrompida por uma lagoa, o que significa impossibilidade de prosseguir em qualquer período do ano, pois no inverno fica cheia de água e, no verão, o matagal toma de conta, tornando-se uma barreira intransponível. Do outro lado da lagoa fica o Conjunto Cidadão, outro setor da cidade que passa por todos os tipos de carências e falta de estrutura.

Assim é a realidade da cidade de iguanas, onças e pássaros de enfeite instalados nas praças centrais, enquanto o povo enfrenta a mais dura realidade da falta de estrutura básica. Enquanto isso, as propagandas da Prefeitura insistem em afirmar que está tudo bem na cidade e que estamos vivendo numa realidade de primeiro mundo. Mas só quem tem que molhas os pés na lama, quando sai de casa, sabe qual é a verdade de quem mora nos bairros mais afastados do Centro.

Essa é a Boa Vista que muitas autoridades não querem ver. No Senador Hélio Campos, os moradores até reivindicam uma escultura de um peixe, na entrada do bairro, já que a moda agora é essa …

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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