Foto: Divulgação/Secom-RR

A grande aposta do povo roraimense foi, e isso não é segredo para ninguém, a relação próxima e previsivelmente frutífera ao estado entre Antônio Denarium e Jair Bolsonaro, ambos do PSL. Um governador apresentado ao povo como ‘íntimo’ (do, na época, provável) Presidente da República era o xeque-mate que faltava para amenizar os problemas sentidos na carne pela nossa gente. Não é o que tem ocorrido. A subserviência de Denarium a Bolsonaro tem sido completamente inútil e, por vezes, patética.

Denarium se tornou um mero bajulador de Bolsonaro. E da pior espécie: daqueles que não ganham nada em troca. A dívida pública anda longe de ser sanada. O estado segue sem poder pedir empréstimos a União por causa de dívidas passadas. A ajuda federal não tem acelerado a economia, muito menos melhorado a segurança pública. O fluxo migratório sequer foi amenizado e essa relação tão briosa entre governador e presidente tampouco suportou os investimentos necessários para que Roraima alavancasse. Por parte do presidente, o que se ouve até agora é que o nióbio vai nos salvar. Bom pra quem tem mineradora. Não é o meu caso.

Os contratos com empresas que prestaram ou ainda prestam serviços ao governo do estado continuam travados, com demora ou ausência nos pagamentos e servindo de bode expiatório para especulações de desorganização moral e ética entre o executivo e os empresários aliados.

Denarium, que ainda tem muito a trilhar, já mostrou que tem uma mensagem positiva na cabeça mas pouca ação prática. O cumprimento de praxe do excelentíssimo governador deixou de ser o “Olá, como vai?” e passou a ser “Estamos cada dia melhor”, como uma forma de promover um marketing hipnótico-superficial e até de autoconvencimento daquilo que qualquer semianalfabeto compreende – Nada está cada dia melhor por aqui.

Ponderando o essencial

Saúde

Cada dia pior. O Hospital Geral de Roraima é uma vergonha para o nosso estado. Sem insumos básicos, medicamentos e também sem profissionais que acompanhem o crescimento da demanda, o HGR mais parece uma pocilga. O ambiente é sujo e mal cuidado, os profissionais estão sobrecarregados, a estrutura não suporta mais o crescimento populacional. As pessoas deixaram de ter nojo do hospital da era Sueli, e passaram a ter medo de morrer lá, na gestão Denarium.

O Hospital das Clínicas é um elefante branco. Inaugurado por Sueli sem profissionais ou maquinários suficientes, em 8 meses de gestão Denarium e mais 3 de transição, nada de produtivo aconteceu ali até então.

No interior do estado os municípios continuam desassistidos e os contratos da saúde agora serão alvo de investigação por parte da Assembleia Legislativa de Roraima. A CPI da Saúde pretende escavar a aplicação do dinheiro público neste setor que anda tão desprestigiado pela atual gestão.

A pasta se tornou um grande problema interno no Palácio Senador Hélio Campos, e por lá, já houve a desistência de dois secretários, por acharem que esse é um problema sem solução neste governo. A intervenção alheia e os ‘pitacos’ de quem não tem qualificação técnica para dar as cartas lá dentro (mas dá), é, segundo fontes internas, o nó que se desmancha como um cadarço, sinalizando um tropeço fatal pela frente.

Educação

Cada dia pior. Com aulas atrasadas, professores sem a estrutura mínima para exercer o ofício, as escolas públicas do estado estão mostrando ao restante do país como não se deve trabalhar com educação. Unidades estão sendo fechadas. A educação estadual funciona com três calendários diferentes, para tentar se equilibrar na corda bamba. Servidores ameaçam entrar em greve o tempo inteiro e a secretária, cunhada do governador, é acusada de perseguir os que não balançarem a cabeça e confirmarem que, lá dentro, tudo está “cada dia melhor”.

As escolas técnicas e a ampliação das unidades de ensino militarizadas ficaram na memória do eleitor como uma rasa promessa de campanha.

Imigração

Cada dia pior. O êxodo migratório continua, sem nenhum pudor ou controle. Além do impacto nos serviços públicos essenciais, o roraimense conta agora, de forma permanente, com um cenário devastador de insegurança e miséria pelas ruas da capital e de outros municípios. Passamos a conhecer de perto o que são mendigos e estamos vendo o mercado de trabalho ser ocupado de forma ilegal e sem a garantia de direitos, por parte dos estrangeiros. Perdemos enquanto seres humanos já que estamos nos habituando a achar normal a presença de pessoas famintas pelas ruas das cidades.

Também erramos nós, cidadãos, que ao petrificar nossos corações para com a desgraça alheia, estamos nos tornando cúmplices dos governos que fecharam os olhos para a fronteira. Inertes, alheios, anestesiados, e conformados com esta situação.

Segurança Pública

Cada dia pior. Quem culpa os imigrantes pelo aumento da violência mal sabe que a falta de humanidade chegou ao ponto de não conseguir enxergar o problema ao nosso entorno. São o desemprego e a subsequente falta de circulação econômica os responsáveis pelos dados de violência. Se o governo apresenta números animadores, que mostram a redução da criminalidade, só posso pensar que a polícia deixou de registrar os casos. Você se sente seguro para andar na rua sozinho? Nos ônibus? A sua rotina em casa é a mesma de três ou quatro anos atrás? Ainda tem como esquecer uma porta aberta, como tempos atrás? Fazendo essa autoanálise, sabemos que ao nosso entorno, a marginalidade cresce e os problemas estão longe de se resumir a construção midiática de um novo presídio. O desprezo pela solução já ficou mais do que claro: a falta de intenção de ampliar o efetivo das polícias. Os concursos cancelados estão aí para mostrar o que é prioridade e o que não é.

Chego a conclusão, portanto, que o período de tempo é suficiente para que o governador saia do seu campo de soja, da sua zona de conforto entre empresários riquíssimos, e vá conhecer as necessidades dos meros mortais, que vivem e trabalham para que esse estado fique sim, qualquer hora dessas, cada dia melhor. Até lá, a nossa torcida só pode ir para quem tenta, se esforça, batalha, não somente entre os seus, mas entre todos, para a realização do bem comum. No dia em que a coletividade virar prioridade, Denarium irá longe.

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