O anúncio do racha político com o governador Antonio Denarium (PSL), feito ontem pelo vice-governador Frutuoso Lins (S/Partido), ocorreu no mesmo momento em que os deputados aprovavam a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a saúde pública estadual.  Apesar da demora, a CPI é um desejo daqueles que querem ver o Estado sendo passado a limpo, incluindo a saúde, setor historicamente entregue aos desmandos e aos esquemas.
Em uma coletiva para dizer o que todos já sabiam e diante de repórteres que o pouparam nos questionamentos, por inabilidade ou por causa da linha editorial de seus veículos, Frutuoso nada falou sobre a saúde pública. Isso, sim, é muito estranho para um médico que conhece os meandros do setor e que naquele momento estava pulando do barco de Denarium e seu grupo, que mais parece uma confraria empresarial.
Frutuoso discorreu sobre seu descontentamento com a condução do governo, apontando privilégio aos grandes empresários (isso todos já sabiam) em prejuízo aos pequenos, não cumprimento de acordos, festas enquanto o Estado está no segundo decreto de calamidade, além da má condução administrativa. O vice parecia um inocente político que havia acabado de chegar ao Estado, pois era previsível que tudo seria isso mesmo, um governo dos grandes (o vice chamou de garoto propaganda do agronegócio), pois historicamente esse grupo que conduz o Estado sempre esteve com todos os governos, financiando e se beneficiando. Obviamente que não poderia ser diferente agora.
O racha já vinha sendo ensaiado desde os primeiros dias de governo, a ponto de o governador responder pelo Facebook com uma nota pueril, parecendo ginasial  na rede social citando poesia que fala em recolher as pedras para construir um castelo.  Obviamente que Denarium falou das ações de seu governo ao estilo do que é divulgado no Facebook, um Estado de maravilhas que dá até vontade de morar dentro do perfil do governador.  Mas, pelo menos uma notícia boa para a economia do contracheque: o salário do funcionalismo será pago em dia
No mais, muita propaganda e pouca mobilidade para resolver os problemas, sem sinalizar uma política voltada para os pobres e pequenos empresários.  É tudo aquilo que Frutuoso falou em seu racha político, mas nada que todos já não soubéssemos.  Agora, o que o cidadão espera é que a CPI da Saúde seja o primeiro passo para que o governo saia do discurso de que está moralizando, sem fazer qualquer reforma administrativa. Não há como aceitar esses desmandos que penalizam uma população já castigada pelas mazelas que se arrastam por longos anos.  Se o vice quiser mesmo ajudar o Estado, a CPI é o caminho para isso. Mas entre o discurso e a prática há uma distância muito grande e um abismo no meio…
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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