Famílias venezuelanas continuam fugindo de seu país em direção ao Estado de Roraima (Foto: Divulgação)

 

As sérias polêmicas que surgiram em torno do êxodo venezuelano, na semana passada, e que ecoam até hoje, precisam resultar no início da solução dos problemas que afligem o Estado de Roraima. As autoridades em todos os níveis não podem ficar apenas como plateia fingindo que tudo isso não é com elas.

O que vemos, no decorrer dos dias,  é que determinadas autoridades não estão fazendo sua parte (nem se esforçando) para amenizar os problemas. O Governo Federal, por exemplo, continua dando indicativos de que está satisfeito apenas em transferir recursos para a Operação Acolhida, achando que isso é o suficiente.

Exemplo disso foi a vinda da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a pastora evangélica Damares Alves, que foi bem clara ao expor que a interiorização dos venezuelanos para outros estados depende mais das igrejas do que do Governo Federal.  A transferência para outros estados ou países vizinhos de forma ágil seria uma alternativa. Mas isso não vem sendo feito e nem há indicativos.

Entendimentos com países vizinhos para ajudar na acolhida também tornam-se impensáveis diante de um governo  que se mostra inábil com suas relações exteriores.  Até o posto de liderança na América Latina ficou arranhada com o comportamento bufão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O Governo de Roraima também revela-se incompetente para se posicionar como liderança em busca de  soluções para a crise migratória.   Incompetente e inconfiável, pois, apesar de o governador Antonio Denarium ser do mesmo partido do presidente, ele não inspira confiança do próprio presidente, que sequer cogita  transferir recursos federais para compensar os gastos do governo local com os imigrantes.

Engana-se quem pensa que o presidente Bolsonaro ou as autoridades com poder de decisão nos ministérios desconhecem a realidade dos venezuelanos em Roraima. Eles sabem muito bem porque têm acesso aos relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que monitora não só essa questão, mas outras que dizem respeito à segurança na fronteira.

O problema é esse governo Denarium destroçado que não consegue cuidar do sistema prisional (sob intervenção federal), que assiste rotineiramente o crime organizado decapitar cabeça de jovens (enquanto falta gasolina para as viaturas policiais), que não consegue estancar a corrupção na saúde pública (até pensa também em intervenção federal) e que só vai a Brasília pedir pelos amigos empresários a fim de os livrarem de multas ambientais.

Se o governador Denarium – que se elegeu sob a bandeira bolsonarista dizendo que “dinheiro tinha e que o que faltava era gestão no Governo de Roraima” – não consegue ter liderança nem capacidade para encarar a crise migratória, então podemos imaginar o tamanho do buraco onde Roraima está.  E parece que o governador não está preocupado com isso.

 

Basta olhar o perfil dele no Facebook, que se tornou um diário de sua vida como governador.  Em nenhum momento ele fala em crise migratória ou se reúne com seus secretários para discutir o problema.   A verdade é que Denarium é um inepto para tratar das grandes questões do Estado. Ele criou um pensamento fixo  de que o agronegócio é a única solução e que a fazenda de sua família é o exemplo de prosperidade.

E assim Roraima vai afundando com uma crise migratória que se avoluma, diante de um Governo Federal que, por não confiar no governador de seu partido, penaliza toda a população roraimense.  Pelo que se desenha, somente quando ocorrer uma tragédia (os índios de Pacaraima dão sinais de revolta) é que as autoridades vão decidir tomar uma decisão drástica em busca de soluções, isso às custas do sofrimento de uma população que pede socorro há tempos.

*Colunista

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here