Merecedora de elogios a ação rápida da polícia roraimense ao elucidar e prender imediatamente os autores e cúmplices da execução da adolescente de 15 anos que teve a cabeça decepada por integrantes de uma organização criminosa. Essa resposta imediata ao crime, no entanto, não livra o Governo do Estado da crítica por sua lentidão para solucionar os graves problemas enfrentados pela Segurança Pública, uma vez que as polícias vêm atuando no limite, com esforço pessoal de policiais comprometidos com o seu trabalho.

 

A insegurança campeia por toda cidade enquanto os administradores públicos agem na morosidade de um Estado não acostumado a agir com suas obrigações. Exemplo bem claro disso foi a perda de R$8 milhões em convênios federais não executados em anos anteriores, uma atitude inexplicável e inaceitável. Enquanto isso, faltam papel nas delegacias da Polícia Civil e gasolina nas viaturas da Polícia Militar, conforme foi apontado anteontem na reunião com representantes da Segurança Pública, realizada na Assembleia Legislativa pela Comissão de Defesa Social, Segurança Pública e Sistema Penitenciário.

 

O descaso com a Segurança Pública arrasta-se desde as administrações anteriores, exigindo da atual um desdobramento com eficiência para amenizar e conter imediatamente a violência na Capital e no interior do Estado. A população vem sendo surpreendida com assassinatos quase diários, em sua maioria jovens com envolvimento com o crime organizado ou apenas por se relacionar com membros de facções.

 

Enquanto o crime organizado  se fortalece, a Segurança Pública não consegue acompanhar. É só lembrar que a Polícia Militar já teve em sua estrutura Polícia Comunitária, Ronda nos Bairros, Ciclo Patrulha e Batalhão Escolar, ações que foram desmobilizadas e esquecidas  ao longo dos governos não apenas por mudança na política de cada administração, mas pelo sucateamento da polícia e a defasagem de efetivo.

 

Na reunião realizada pela ALE, nesta terça-feira, foi relatada a situação delicada em que vivem as escolas públicas, especialmente aquelas localizadas nos bairros mais afastado do Centro, onde integrantes de facções ameaçam gestores, professores e alunos, além de picharem muros e até mesmo salas de aula como forma de intimidação e exibição de força. As escolas tornaram-se locais sitiados pela violência, onde crianças e adolescentes são vigiados e aliciados por traficantes e faccionados.

 

De certa forma, a população tem sentido ações da PM, ainda que tardias e isoladas, como revistas periódicas em semáforos, respostas imediatas a assassinatos e ações de combate ao crime organizado. Mas Segurança Pública não significa apenas mais polícias nas ruas. É preciso  investimento  em investigação e serviços de inteligência com tecnologia avançada. Também são necessárias ações em outras áreas para combater e prevenir a ociosidade de jovens e adolescentes nos bairros pobres, onde o crime arregimenta integrantes a partir de jovens largados na desassistência e na desesperança.

 

Pelo que se desenrola nas ações governamentais, não há um planejamento global que inclua todas essas frentes no combate à violência. Há um foco centralizado nas polícias, que ainda assim trabalham no sacrifício da falta de estrutura porque esse governo patina em suas ações focadas em mostrar uma realidade que não existe.  A criminalidade exige decisões fortes, as quais não se pode esperar de um líder  pusilânime.

Se não houver compromisso com a mudança, ainda veremos muita cabeça decapitada nessa guerrilha urbana em Roraima.  E poucos se importam porque são, em sua maioria, jovens de famílias pobres cujo crime apenas irá se transformar em tristes estatísticas, as quais geralmente são negadas ou maquiadas.

*Colunista

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