Ainda ecoam país afora os ataques sofridos por uma grega ativista ambiental, Greta Thunberg, de 16 anos, por seu discurso na Cúpula do Clima das Organizações das Nações Unidas (ONU). Mas o que temem aquelas que atacam uma adolescente autista que está na idade em que o normal seria aflorar as contestações?

Por liderar um movimento espontâneo na Suécia, que a fez ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz, Greta foi escolhida para discursar na ONU com a missão de alertar sobre mudanças climáticas. Foi o suficiente para ser alvo de ataques da extrema direta. No Brasil, o filho de Bolsonaro apelou para um fake news e um radialista do Rio Grande do Norte fez ataques misóginos, dizendo que ela precisava de sexo e de um “baseado” (maconha).

O ataque feito pelo radialista, que foi demitido de dois empregos, resume o que muitos acham de quem defende o meio ambiente: maconheiros desocupados, gente mal amada ou mulheres histéricas. E não se trata de um rótulo novo, criado pela onda bolsonarista de extrema direita. É um ataque antigo usado por quem não tolera quem pensa diferente sobre o ambientalismo.

O fato é que Greta tornou-se um símbolo, um exemplo para adolescentes mundo afora diante de uma geração que aprendeu a se encolher dentro do seu quarto para ficar na internet e se expressar com emojis. Cada vez mais desconectada da realidade, essa juventude do novo milênio tem se tornada apática, passiva e descompromissada com as mudanças na sociedade.

Greta surge como um gás novo que serve de exemplo para crianças, jovens e adolescentes. A sueca autista não deveria meter medo em ninguém, muito menos em adultos já formados em sua personalidade. Mas ela mete medo porque fez despertar nessa juventude sonolenta um pavio de rebeldia, de contestação e de compromisso pessoal com o meio ambiente, nem que seja fazendo sua parte na hora de não jogar lixo na rua, por exemplo.

A jovem autista mete medo em quem se sente fortalecido no discurso extremista que não aceita o pensar diferente; ou adultos que têm medo de “comunismo” como crianças do milênio passado tinham medo do bicho papão. Mete medo porque tem um discurso que mexe com interesses de grandes negócios que tremem só em ouvir falar em cumprir normas ambientais.

Em Roraima, há quase duas centenas de proprietários rurais, pequenos e grandes, que têm complicações ambientais, que vão de desmatamentos a outros tipos de degradação, os quais afrontam a legislação ambiental e acham que não devem ter nenhuma responsabilidade com o meio ambiente, a não ser explorá-lo a qualquer custo. É como se o meio ambiente fosse um inimigo a ser vencido, e não um aliado essencial para manter o equilíbrio no Planeta.

É por isso que Greta passou a ser odiada. Porque confronta a nova política” que apoia o garimpo a qualquer custo, que tenta amenizar os graves problemas provocados pelas queimadas que sempre existiram e que precisam ser freados, que perdoa os grandes produtores por suas irresponsabilidades ambientais, que não aceita opinião divergente e muitos aceita que o desenvolvimento não significa destruição.

Mas o maior benefício de Greta para o mundo não é gritar contra os problemas históricos que gente mais velha que ela nem liga mais. O maior benefício é ser exemplo para uma geração de crianças, adolescentes e jovens que não tinham em quem se espelhar em favor de um mundo menos injusto e comprometido com questões ambientais. E esse ativismo deve começar em casa, na hora de economizar a água ou de cuidar do próprio lixo que vai entulhar o Planeta.

*Colunista

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