Governador Antonio Denarium e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que disse que Roraima seria sua "menina dos ollhos" (Foto: Divulgação/Folha UOL)

 

A operação realizada ontem pelas forças policiais de Roraima, que resultou na prisão de 17 pessoas que comandavam ou integravam núcleos do crime organizado na Capital e no interior do Estado, revelou-se uma ação do poder público em mostrar força frente a crescente criminalidade. Embora seja uma resposta que a sociedade espera, reações desse tipo freiam apenas temporariamente o crime, porque as polícias não têm estrutura suficiente para manter esse trabalho de forma efetiva e constante.

Além disso, a criminalidade está diretamente ligada à situação econômica em que vive o Estado, piorada com a migração em massa de venezuelanos. Ainda que seja imprescindível a presença do poder constituído mostrando força dentro e fora dos presídios, para conter lideranças do crime e desarticular as ações de seus integrantes, essa guerra precisa de fatores além da ação policial.

Estamos com uma fronteira fragilizada que está com seus trabalhos concentrados no controle migratório, sem que haja um papel incisivo do Governo Federal para agilizar a interiorização de venezuelanos a fim de evitar que mais estrangeiros cheguem às ruas da cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, e da Capital, o que engrossa o número de pessoas vulneráveis socialmente e faz aumentar as demandas do poder público estadual, já sufocado nas áreas de saúde, educação e segurança.

Com a lentidão do Governo Federal em assumir seu papel preponderante para amenizar a grave crise provocada pela imigração e ajudar efetivamente Roraima, não há como o Estado concentrar suas forças para combater a pobreza, investir mais em educação, frear a ação de facções, conter o tráfico de drogas e estruturar as polícias em condições necessárias para atuar em pé de igualdade contra as organizações criminosas.

Nas atuais circunstâncias, os policiais chamam suas ações como “enxugar gelo”, pois o Estado não tem condições de reduzir a criminalidade enquanto as facções criminosas estão em guerra, executando a tiros ou degolando adversários e os que eles julgam traidores. As operações policiais, por mais estruturadas e eficientes, como a que ocorreu ontem, representam apenas um alento temporário, pois logo o Estado irá tropeçar em sua falta de estrutura e burocracia, enquanto o crime se organiza ainda mais.

O fato é que estamos perdendo essa guerra. Enquanto as polícias prendiam e desarticulavam alguns núcleos criminosos, as facções estavam planejando e executando a morte de pelo menos duas pessoas na Capital. Para complicar ainda mais esse enredo da vida real, temos um governo local fraco, apático e desorganizado, que fica passeando em Brasília sob a alegação de que está em busca de recurso, enquanto as forças do Estado travam uma luta desigual contra o crime muito bem organizado e articulado.

Enquanto isso, a “menina dos olhos de Bolsonaro” pede socorro…

*Colunista

 

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