Foto: divulgação/ TV Globo

Muitas são as dificuldades que uma pessoa pode enfrentar ao longo de vida, sendo alguns entraves nunca imaginados que um dia poderiam acontecer. “Decidimos deixar nosso país quando a segurança da minha família passou a estar diretamente afetada. Dois vizinhos de diferentes famílias foram sequestrados, de repente. Pensamos que a qualquer momento, o mesmo poderia acontecer com a gente, sem qualquer razão. Então tivemos que partir”. Ainda que o relato acima pareça uma cena de ficção, trata-se, na verdade, de uma realidade vivida por Rosalva. Engenheira eletricista de formação, ela atuava na área e junto com o marido tinham também um pequeno empreendimento, uma escola de gastronomia que funcionava todos os finais de semana.

Em dezembro de 2015 chegaram ao Brasil e ainda que o início tenha sido difícil por conta da adaptação, Rosalva já se tornou Micro Empreendedora Individual e atua no segmento de gastronomia. Só não imaginava que seria contratada pela Rede Globo para atuar na nova série da emissora, Segunda Chamada, que estreia hoje (8) às 23h. Ao lado de Rosalva, outro personagem nacional da Venezuela também estará na trama. Trata-se de Gabriel, que há um ano chegou ao Brasil e não espera “conseguir tantas coisas em tão pouco tempo”. Já adaptado ao dia a dia da cidade de São Paulo, Gabriel afirma que a maior  dificuldade inicial foi a questão linguística mas que, com o tempo, foi aprimorando o português.

Assim como Rosalva, não passava pela cabeça de Gabriel a ideia de que um dia poderia se assistir pela televisão, ainda mais no Brasil. “Quando fiz o teste (seletivo da Rede Globo para o papel), não pensei que poderia ser selecionado, pois havia muitas outras pessoas fazendo o mesmo. Fiquei muito emocionado quando soube do resultado e se eu tiver a oportunidade de continuar realizando esse tipo de trabalho, farei sem hesitar”, disse.

A série “Segunda Chamada”, escrita por Carla Faour e Julia Spadaccini, vai ter como destaque a história de cinco professores que, dedicados com afinco ao tema da educação para jovens e adultos, superam as dificuldades do ensino público para melhorar as condições de vida dos alunos. “A fictícia Escola Estadual Carolina Maria de Jesus é um caldeirão, um local onde ora a convivência é pacífica ora nem tanto. Mas, em sua essência, é um espaço de acolhimento, no qual as pessoas se sentem recebidas e inseridas socialmente. Com a série, queremos também ressaltar que aquele aluno que não teve oportunidade de estudar quando deveria merece, sim, ser educado”, disse Carla.

De volta à realidade, Rosalva e Gabriel sentem falta de seus familiares e pela convivência das gravações, passaram a trabalhar juntos em algumas ocasiões, comercializando em feiras culturais pratos típicos da Venezuela. Ambos se mostram muito agradecidos por toda a acolhida da população brasileira e esperam que a série também possa ser bem recebida pelos telespectadores do canal. “Conhecemos muitos atores que, desde o início, nos receberam de braços abertos. Ver cada um deles atuando foi em si um imenso aprendizado. E a equipe de produção foi única, muito atenciosa com a gente. Estou agradecida pelo povo brasileiro pela oportunidade e espero poder entregar a eles o melhor de mim, seja na série, seja nos alimentos que preparamos”, afirmou Rosalva.

O resultado gastronômico dessa parceria está rodando pelas ruas de São Paulo em feiras culturais, enquanto que o papel dos venezuelanos na série poderá ser visto toda terça-feira, a partir das 23h, na Rede Globo.

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