Foram tantos os golpes e mentiras que é difícil acreditar nas novas promessas (Imagem: Divulgação)

Já caímos em tantos golpes, uns só lorotas e outros que sambaram em cima de recursos públicos, a ponto de o povo nem mais lembrar-se quais foram as maiores enganações dos governantes e políticos que os sustentavam em suas determinadas épocas. Mas vamos tentar uma recapitulação puxando pela memória mesmo, uma vez que não há nenhum registro sobre isso.

Ainda na década de 1980, houve até outdoor na cidade propagando que quem não acreditasse na Hidrelétrica do Paredão iria levar um choque. O tempo passou e até hoje o Estado vive mantido por termelétricas caras e poluidoras. E o único choque foi o de vergonha quando a Venezuela ruiu e a energia de Guri foi cortada.

Seguindo para a década de 1990, surgiu a promessa de que o Estado iria deslanchar em desenvolvimento quando a BR-174 fosse asfaltada entre Manaus e Boa Vista, interligando Roraima ao resto do país. Quando o trecho da rodovia foi asfaltado, a mentira foi ampliada e começaram a pregar que o desenvolvimento só iria chegar mesmo quando o trecho da 174 até Venezuela fosse asfaltado.

Esse novo engodo tinha um recheio a mais: Roraima se tornaria o novo paraíso com a BR-174 pavimentada de Norte a Sul o que permitiríamos atingir os mercados do Norte pelo Caribe. Inclusive, nesse meio tempo, mais uma enganação se uniu a essa farsa: a integração ao Arco Norte, que permitiria Roraima conectar-se aos grandes centros portuários.

Ainda naquela década, um famoso golpe acabou se concretizando na política, quando um advogado se elegeu prometendo construir casa própria para quem votasse nele. Os eleitores receberam até a planta baixa da casa como parte da grande mentira. O advogado Avenir Rosa se elegeu e nunca mais pisou os pés em Roraima durante o seu mandato.

Na década de 2000, foram tantos os golpes que o espaço desse artigo seria pequeno para acomodar todos os relatos. Mas atenhamos aos mais importantes: fábrica de calçados, plantio de acácias, indústria de celulose e até a instalação de indústria têxtil chinesa cujo nome já era uma tapeação: Tai Pei.

Essa suposta indústria têxtil foi a mais fragorosa das mentiras porque contou com a ajuda de professores universitários (sim, houve ajuda dos universitários) para tentar eleger um chinês por meio de uma farsa que prometia construir polos têxteis para gerar emprego e renda para pessoas de baixa renda. Às vésperas das eleições, chegou a prometer máquinas de costuras para donas de casa. Por muito pouco o chinês não foi eleito senador, e isso depois de aplicar golpe semelhante no Maranhão.

Outros golpes ocorreram, mas acabaram-se perdendo no tempo em uma terra sempre fértil para malandragem de todos os tipos, como plantios de café, fabriquetas e grandes projetos. Neste ano, começaram a surgir anúncios que se assemelham a promessas do passado, as quais representaram apenas mentiras ou se concretizaram em calores eleitorais ou nos cofres públicos.

Uma delas é um empréstimo que a Prefeitura de Boa Vistar quer fazer, no valor de R$47 milhões, para construir uma usina para produzir energia solar. Outra é o anúncio da instalação de uma fábrica de etanol de milho no valor de R$1 bilhão, no Município de Bonfim, por uma holding sediada em São Paulo e subsidiária na Flórida (EUA).

No que diz respeito à usina fotovoltaica na Capital, é preciso que a população fique bem atento porque a conta vai ser paga pelo contribuinte boa-vistense, que já tem a pagar um empréstimo de R$65 milhões gastos em um suposto Plano de Mobilidade Urbana. Isso está cheirando muito ruim, uma vez que um projeto semelhante foi instalado numa comunidade indígena e não funcionou. É necessário ficar de olho nos vereadores, pois eles já estão em fim de mandato, assim como a prefeita Teresa Surita (MDB).

Com relação à unidade produtora de etanol em Bonfim, temos que olhar para o passado e refletir bem o que aconteceu em tempos não muitos distantes. Um projeto dessa magnitude sempre será bem-vindo para um Estado mantido pela economia do contracheque, mas desde que o contribuinte não corra o risco de pagar novamente por mais um calote nos cofres públicos. Fiquemos de olho.

*Colunista

 

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