Venezuelanos chegam diariamente a Roraima caminhando pela BR-174 (Foto: ACNUR/Reynesson Damasceno)

O governador Antonio Denarium apressou-se para anunciar que acompanhará o presidente Jair Bolsonaro em uma nova sigla partidária, o APB. Eleito sob a onda bolsonarista, ele acha que deve gratidão e fidelidade. E enxerga com essa decisão a possibilidade de comandar a nova sigla em Roraima rumo às eleições municipais.

Mas falta ainda combinar com o povo roraimense, visivelmente insatisfeito com a condução do governo, ainda patinando nos mesmos problemas de administrações anteriores e até mesmo comparado como pior na área da saúde pública, conforme assinalou a promotora de justiça da Saúde, Jeanne Sampaio, em audiência pública recente na Assembleia Legislativa.

Mas o que chama atenção neste momento é o fato de Denarium não perder tempo para acompanhar o presidente na nova agremiação partidária, porém esse mesmo empenho político não se vê por parte de Bolsonaro com o Estado de Roraima, caminhando para um colapso diante da crise migratória.

O Governo Federal fechou os olhos definitivamente para a questão, enquanto o quadro de desespero se avoluma nos bairros periféricos com a constante chegada de mais venezuelanos ao Estado. A pobreza se acentua com a formação de bolsões de miseráveis com imigrantes que perambulam em busca da sobrevivência, em especial nos bairros da zona Oeste.

A Operação Acolhida estancou ao alcançar o seu limite, sendo devorada pela ociosidade da maioria dos venezuelanos que lá estão abrigados. A ação de interiorização, que já vinha a passos lentos, também estancou porque o Governo Federal jogou a responsabilidade para entidades religiosas e empresários.

Como o governo Denarium também acha que o problema não é com ele, não faz qualquer esforço para que seu líder e mestre, o presidente Bolsonaro, tenha o empenho necessário para ajudar Roraima na questão migratória, que é crucial para que possa superar a grave crise. Pelo quadro que se desenrola, Bolsonaro está pouco ligando para o que a população roraimense está passando.

Significa que não qualquer esperança de mudar esta realidade, uma vez que só aumenta o número de estrangeiros chegando ao Estado. Como a segurança pública também enfrenta sérios problemas, é na violência que se pode medir o tamanho desse problema. A população tem agido por conta própria, fazendo justiça com as próprias mãos, nos casos de roubos e furtos em via pública.

Estamos vivendo um tempo de barbárie que normalmente não é retratado pela imprensa porque muitas vezes os casos sequer são registrados oficialmente. Barbárie esta que é completada pelo cenário de corpos de jovem com a cabeça decepada, os quais são desovados pelo crime organizado nas cercanias de Boa Vista.

Nos bairros, são inúmeros grupos de crianças, jovens e mulheres perambulando pelas ruas catando lixo, pedindo esmola, batendo na porta das residências ou buscando qualquer alternativa para ter a primeira refeição do dia. São tempos difíceis ocultados pelos governos e com tendência a piorar.

Como o governador fechou os olhos, achando que está tudo bem assim, o presidente já demostrou que não está nem aí e a população só aumenta sua insatisfação com o avanço da pobreza, a tendência é o encrudescimento dessa triste realidade. É fácil prever o que teremos pela frente se nada foi feito para conter essa realidade.

*Colunista

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