Novos tempos, velhas práticas. É isso o que tem exposto  as operações da Polícia Federal em Roraima, neste fim de ano.  A operação que está em andamento, desde a manhã de hoje, aponta um esquema que vem de longe, que é a propina para o Governo do Estado  liberar pagamento de empresas contratadas e para que elas continuem sendo recontratadas sem licitação ou em licitações fraudadas.

Neste caso, os esquemas atingem a alimentação servida aos pacientes das unidades de saúde tanto do Estado, em destaque ao Hospital Geral de Roraima (HGR), quanto da Prefeitura de Boa Vista, mais precisamente no Hospital da Criança. Não se trata de uma surpresa a Prefeitura estar incluída nesse esquema; supresa é a Prefeitura ser investigada, já que denúncias nesse sentido não faltam, mas nunca são apuradas.

O esquema alvo da operação ora em curso  vinha de longe, na alimentação servida aos detentos do sistema prisional. Inclusive as investigações apontam que a propina incluía atestar falsos recebimentos de comida, o que permitia a empresa receber por alimentos não fornecidos ao governo.  Alguma surpresa nisso? Não. Os esquemas sempre funcionaram desta forma não só em fornecimento de produtos e serviços, como na realização de obras (asfaltamento não realizados, prédios não construídos, esgotos não instalados… e por aí vai …)

Outro esquema muito comum  desbaratado pela PF foi o praticado na Caixa Econômica Federal, onde um grupo realizava  fraude na concessão de empréstimos rurais para falsos agricultores.  Os tempos e o banco são outros, mas em Roraima esse fraude era corriqueira: dois bancos faliram por causa de esquema semelhante, o Banroraima (ex-Território) e o Baner, o banco estadual. Era uma verdadeira farra em empréstimos pessoal, empresarial e rural, muitos deles  para financiar campanha eleitoral para grandes políticos quanto para pequenos candidatos a vereador de municípios.

A PF investiga até fraude na concessão de documentos emitidos  pela Fundação Nacional do Índio (Funai) para pessoas receberem indevidamente indenização e serem reassentadas por supostamente terem sido retiradas de terras indígenas.  Enquanto acusava os índios de serem culpados pelo atraso de Roraima, essa gente fraudava documentos para surrupiar os cofres públicos e conseguir terras de forma fraudulenta.  E ainda tem aqueles que se ofendem quando alguém diz que Roraima é terra fértil para a corrupção.

Enquanto a  operação da PF está em andamento, resta ao cidadão roraimense torcer para que os envolvidos não fiquem impunes e que os esquemas sejam extirpados (os revelados pela PF e os que estão sendo investigados em âmbito estadual) por meio de uma atuação exemplar da Justiça.  Afinal, os magistrados acabaram de receber um aumento salarial e não há motivos para reclamar.  Roraima só começará a sair desse lamaçal quando a corrupção for estancada.  A desratização precisa seguir, até porque está comprovado que o governo que comanda o Estado não tem força nem vontade de encarar o sistema enraizado por aqui há muito tempo.

*Colunista

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