Governador de Roraima, Antonio Denarium (PP). Foto: Arquivo/Secom

A crise dentro da Polícia Civil está definitivamente instalada entre delegados, agentes e as demais  oito categorias daquela instituição. Agora foi a vez dos delegados que ameaçam uma demissão em massa de seus cargos de confiança, caso o governador Antonio Denarium não sancione o Projeto de Lei 09/2019, aquele que beneficia exclusivamente os delegados com reajuste salarial. As demais oito categorias já haviam decidido que irão entrar em greve no caso de o PL for sancionado.

O que chama a atenção é que nem todos os delegados compactuam com a mesma ideia. Há os que não concordam com a aprovação do projeto de lei pelo momento inoportuno diante das condições do Estado e pelo fato de beneficiar uma única categoria.  Entre os que não concordam  estão delegados que têm mostrado atuação exemplar durante sua carreira, inclusive com elogios por parte da sociedade pelos bons serviços prestados à segurança pública. 

Independente do embate entre as categorias, cada uma buscando a fatia de seu bolo, o “projeto da discórdia” foi o que pode ser classificado como “um tiro que saiu pela culatra”. Não há como o Governo do Estado sancionar a lei que desagrada não apenas a maioria das categorias da Polícia Civil, cono também todas as demais que compõem o funcionalismo público estadual, que por sua vez vêm batalhando por melhores condições há muito tempo.

Não há qualquer justificativa plausível que explique essa benevolência seletiva por parte do governo com os delegados, sabendo que não só o Estado, mas o país passa por um momento delicado em que as vozes políticas falam em equilíbrio. Ou o governo apresenta um estudo que estruture e beneficie todas as categorias de uma forma geral ou uma crise mais profunda será instalada imediatamente após a sanção do projeto dos delegados.

Essa estruturação jamais será feita de forma rápida e muito menos sem sentar-se à mesa com todos os sindicatos que representam as categorias e forças políticas. Nem pode ser feita de forma fatiada, pois todos são sabedores que o governo não costuma cumprir acordo nem trata todas as categorias com o mesmo prestígio político. Exemplo mais concreto é este de privilegiar os delegados sem pensar na repercussão que isso iria provocar.

O sensato é o governo admitir que agiu de maneira impensada e recuar nesse projeto da discórdia – a não ser que haja algo muito maior que não possa ser revelado. Ainda assim, nada justifica beneficiar uma única categoria, como se ela fosse a detentora de todos os privilégios, enquanto as demais são colocadas de escanteio enquanto o país fala em cortes e arrochos.

Os pais de família sabem que precisam caminhar para um Natal e um Ano Novo sob uma constante vigília, pois é sua vida profissional que está em jogo diante de um governo que está sendo mal orientado por aqueles que agem pensando em negociatas, e não no bem-estar coletivo. É no fim de ano que os governantes costumam empurrar decisões goela abaixo, enquanto todos festejam. O projeto da discórdia reflete bem essa artimanha política.

O governador precisa estar ciente da necessidade de recuar para o bem da maioria. Entre ter delegados sem suas funções gratificadas e um corpo de funcionalismo revoltado, pronto para uma greve geral, com certeza não haverá dúvidas pelo que optar. Pelo menos o bom senso saberá decidir.

*Colunista

4 comentários

  1. Todos os servidores públicos estaduais estão insatisfeito com esse reajuste dado aos delegados, os servidores administrativos vem sofrendo a muito tempo com isso, o governo não paga nossas progressoes veticais a 16 anos.

  2. Dinheiro tem, só não tem gestão. Então paga as progressões dos servidores do quadro geral. Porque tem dinheiro de sobra para aumentar 50% os salários dos delegados.

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