Foto: reprodução PMBV

Já que a Prefeitura de Boa Vista nunca teve uma política verdadeira para mobilidade urbana, o sistema de transporte público degringola em virtude dessa ausência do poder público.  Se o táxi-lotação já canibaliza o serviço dos ônibus urbanos, o surgimento do moto-táxi complica ainda mais.

O serviço de moto-táxi funciona há tempos de forma irregular, como um serviço pirata, ainda que haja um movimento para tentar legalizar esse serviço por meio de projeto de lei junto à Câmara. Mas por duas vezes, em legislatura diferentes, os vereadores recusaram o projeto, porque eles sabem das consequências de se criar mais esse sistema alternativo de transporte público.

Além de precarizar ainda mais o transporte urbano praticado pela empresa de ônibus, moto como serviço de transporte urbano alternativo só iria aumentar a balbúrdia no trânsito já caótico de Boa Vista.  Sem contar que motocicletas são a maioria dos veículos envolvidos em acidentes de trânsito obviamente por ser maioria na frota em circulação.

Na ausência de uma fiscalização eficiente, motos atuando como táxi se proliferam,, inclusive com anúncios em rede social e grupos de WhatsApp.   Uma mínima fiscalização nas principais avenidas visualizaria motociclistas com colete onde consta a indicação do serviço de moto-taxista.

Na verdade, a fiscalização não existe sequer para coibir os absurdos praticados por taxistas de lotação que se negam a levar passageiros aos bairros mais afastados como o Cidade Satélite. E há os que querem cobrar uma passagem extra para ir até esses destinos mais longe do Centro.

Não há sequer uma ação para enfrentar o acúmulo de alvarás nas mãos de poucos, que acabam alugando seus táxis para terceiros, os chamados copilotos, que na verdade são motoristas que têm a mão de obra explorada.  Tudo isso em prejuízo à mobilidade urbana e ao transporte coletivo, pois esses motoristas acabam fazendo práticas abusivas para pagar o aluguel do alvará e sobrar dinheiro para manter sua família.

O surgimento do moto-taxista atuando como pirata é mais um sintoma da esculhambação que se tornou o transporte coletivo, que é (ou deveria ser) o serviço mais importante dentro de qualquer política de mobilidade urbana por refletir diretamente no bem-estar de quem não tem transporte particular para se locomover e de quem se vê obrigado a financiar um carro ou uma moto, inchando ainda mais a frota de veículos, congestionando o trânsito e contribuindo para precarizar o transporte coletivo.

Como essa atual administração não investiu em mobilidade urbana, essa conta vai ficar para a próxima administração, cuja conta todos já sabem quem vai pagar: o povo, com transporte público caótico e um trânsito enlouquecedor, que vai afetar sobremaneira a qualidade de vida de todos, em especial nesse momento em que a cidade está sendo inflada com a chegada em massa de venezuelanos, em especial, e haitianos, em menor número, mas em número expressivo.

*Colunista.

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