Com o objetivo de diminuir os riscos do uso de agrotóxicos, informando sobre aplicação, manuseio e descarte das embalagens, a Aderr (Agência de Defesa Agropecuária de Roraima) tem promovido palestras educativas dirigidas ao produtor rural, além de serviços de fiscalização.

Hoje, a Aderr tem uma média de 600 agrotóxicos cadastrados disponíveis para o produtor comprar legalmente. A necessidade de garantir produtividade no campo tem levado muitos agricultores a fazerem uso desses produtos para combater ervas daninhas, insetos e fungos.

A utilização do produto sem respeitar as recomendações que vêm nas embalagens, sem usar equipamentos de proteção individual (EPI) ou aplicando o agrotóxico de acordo com o que acha certo, acaba deixando resíduos em alimentos, no lençol freático, contaminando rios e igarapés.

O trabalho de fiscalização de agrotóxico tem como finalidade regular o mercado, como forma de acompanhar a entrada e saída do produto.  Mas o principal objetivo é que o alimento chegue à mesa das pessoas com a melhor qualidade possível. Sem nem um tipo de risco.

Segundo o chefe do setor de agrotóxico da Aderr, Carlos Terossi, na região dos bairros Raiar do Sol e Operário, onde se concentram a maior parte das hortas de verduras e legumes que abastecem Boa Vista, a Agência de Defesa tem feito palestras sobre o assunto, além de levar este serviço para Associações, Cooperativas e grandes produtores rurais.

Produto de contrabando e pirateados oferecem risco à saúde

O maior risco recai no uso de produtos (agrotóxicos) contrabandeados e pirateados, que fogem da fiscalização e não tem registro no Brasil. Terossi alerta sobre o perigo, pois o produtor não sabe o que traz o princípio ativo, podendo levar a intoxicação e à morte, além de causar dano aos consumidores.

“Como os agrotóxicos são caros, o agricultor para economizar na produção de alimentos, procura produtos de contrabando ou fakes, não sabendo que está atentando contra sua própria vida e a dos outros”, alertou.

Ele ressalta que os produtos que são comprados na Guiana, só são embalados na Guiana. A origem é outra. Geralmente vem com o rótulo de Georgetown e até com o endereço da indústria localizada no país vizinho, mas os formuladores são da China. “Os produtos contrabandeados não passam pelo o crivo de uma lei tão rígida como no Brasil”, destacou Terossi.

Ele salientou que o produto brasileiro, tem toda uma série de cuidados que a pessoa precisa tomar. Desde número de telefone para caso de acidente,  bula extensa, rótulo, criptogramas que dizem que tipo de IPI precisa usar, quando aplicar, qual a forma de aplicar, a quantidade e quais os sintomas que podem ocorrer.

“Tem uma série de orientações que precisam ser tomadas, antes, durante e depois da aplicação. O produto que vem contrabandeado não tem nada disso. O Resultado do uso desses produtos é que a produção não vai pra frente. A diferença pode se ver no campo. Ver na qualidade, em resíduo que deixa.”

Conforme informou Terossi há também um problema sério no mercado dos agrotóxicos que são os produtos fakes. “Tem um inseticida no Brasil que se chama ‘caratê’, aí produziram um, que veio da China, chamado ‘jiu-jtsu’. Ele tem teoricamente o mesmo ingrediente ativo na embalagem. Mas é pirata. Um produto falsificado. Deixam de comprar um produto seguro com registro para comprar um produto falso.”

Intervalo de Segurança

O intervalo de segurança é o período que deve ser respeitado para garantir a segurança do consumidor. Ele compreende o tempo após a aplicação do produto para colheita ou reentrada naquela área para qualquer tipo de serviço. O objetivo é para que o efeito passe e não atinja quem vai ter contato com o produto.

“Precisa respeitar o produto de carência. Se for de 15 dias tem que respeitar. Há alguns anos, trabalhando na fiscalização, encontrei produtos registrados no país que tinha intervalo de segurança de 60 dias e era usado na alface, e não era para ser usado na alface! Essa verdura se colhe com 20 ou 25 dias. Então você está comendo um prato de salada, pensando que está comendo um alimento saudável, e na verdade está comendo resíduos de agrotóxico”, alertou Terossi.

Uso e cuidados e descarte da embalagem

Há várias formas de absorver o agrotóxico. Pela pele, olhos e ingestão. Por isto é necessário obedecer algumas recomendações quando for aplicar: não fumar, não beber, evitar crianças por perto, não usar caso esteja com ferimento, usar equipamentos de proteção, diluir o produto a favor do vento, entre outros. Quanto maior a desinformação maior são os riscos, alerta Terossi.

Há casos de que não se respeitam a dosagem do produto. Fazem uso da subdosagem, tentando economizar. “Aqui está indicando para usar 100 ml, então vou usar só 50 e economizo. Aí não chega ao resultado esperado, tendo que fazer reaplicação, sendo obrigado a se expor ao produto duas vezes porque não usou a quantidade certa. Também tem os que usam a super dosagem pensando em fazer uma dose forte para matar a praga, o que está errado.”

DESUSO DA EMBALAGEM – Terossi informa que ao acabar de usar o produto é preciso fazer a tríplice lavagem.  “Secou a embalagem, acrescenta 25% de água. Metade da metade. Tampa a embalagem e agita por 30 segundos. Terminou coloca de volta no pulverizador e faz aplicações ao redor da plantação. Isso se repete por três vezes, por isso que é chamada tríplice lavagem. E nunca armazenar perto de alimentos as embalagens”, detalhou.

Quando acaba o produto, o agricultor tem um ano para devolver a embalagem. Se após um ano ele não devolveu, porque ainda está no prazo de validade, ele tem mais três meses para usar o produto. Se não devolver será multado.

A devolução tem que ser feita na central de recebimento de embalagem, que funciona no Distrito Industrial.

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