Em nada contribui insuflar a população a partir para qualquer tipo de violência nessa questão da imigração em Roraima. A situação já está no limite, mas não é partindo para o extremo que sairá alguma solução, uma vez que esse papel de chamar a atenção da opinião pública foi feito com êxito pelos moradores do Município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

Ainda que alguém tenha arquitetado esconder os venezuelanos nos abrigos e em seus redutos nas invasões em prédios públicos, a fim de impedir que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o vice-presidente Hamilton Mourão constatassem a realidade, o Governo Federal tem todas as informações necessárias sobre a realidade. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) emite relatórios constantes sobre a imigração e outros assuntos estratégicos para o país.

Sustentar o argumento de que escondendo os venezuelanos iriam ocultar os problemas da imigração é para quem desconhece a realidade ou pessoas mal intencionadas querendo provocar uma violência que nunca será boa para ninguém.  Precisamos agora de muita lucidez por parte de nossas autoridades para propor soluções e cobrar do Governo Federal para que ele assuma todas as suas responsabilidades, além da ação de acolher venezuelanos em Pacaraima e Boa Vista.

É verdade que essa tática de esconder venezuelanos – não se sabe com que verdadeira intenção – deve ser reprovada e precisa ser alvo de críticas, pois é papel da opinião pública monitorar a ação das autoridades e das instituições, mas nunca para servir de motivos para eclodir uma ação violenta por parte da população ou de setores da sociedade.

O primeiro passo já foi dado em Pacaraima, quando o Ministério Público chamou a responsabilidade para si, junto com outras instituições. O segundo passo foi a visita de Mourão já como coordenador do Conselho Nacional da Amazônia. O que não pode é nossas autoridades arrefecerem no propósito de colocar a situação da imigração como prioridade constante, uma vez que, após armar-se um circo midiático depois de um desdobramento polêmico, como foi o protesto de Pacaraima, tudo volta ao esquecimento.

As principais autoridades do Estado se posicionaram, inclusive a Assembleia Legislativa não tardou em enviar representantes para Pacaraima, mostrando que é possível manter um pacto apartidário e multi-institucional para propor soluções para a migração em massa de venezuelanos. O que não pode, nesse momento, é partir para a violência. O momento exige inteligência.

A população roraimense espera que esse momento possa servir como um marco para que o Estado supere os graves problemas migratórios. Se os governos não assumirem suas responsabilidades ou voltarem a desprezar a situação do Estado de Roraima, aí poderá ocorrer graves é imprevisíveis consequências, a exemplo de Pacaraima onde a realidade é insustentável.

*Colunista

 

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