Além de tentar aliviar o impacto da crise migratória no Estado de Roraima, como se a situação não fosse tão grave, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, acabou sendo seletivo em sua fala no congresso realizado pelo Ministério Público de Roraima (MPRR), revelando sua imaturidade política e mostrando por que vem sendo escanteado no governo Bolsonaro.

Moro esqueceu que o principal aliado político de seu governo em Roraima, o governador Antonio Denarium, foi eleito sob acusação de compra de votos e por isso responde a uma ação no Tribunal de Justiça do Estado (TRE).  Também esqueceu-se de falar de outros políticos envolvidos na Operação Lava Jato, na qual ele atuou como magistrado o proporcionado notoriedade internacional. Um deles é o ex-senador Romero Jucá, que transita faceiro na política local e como lobista no Congresso Nacional.

Moro também poderia ter citado as acusações que envolve os filhos do presidente Bolsonaro. São seis frentes de investigações contra os três filhos de Bolsonaro, Eduardo, Carlos e Flávio, no decorrer de 2019, além do próprio presidente.  São acusações de prática de  rachadinha  — quando funcionários do gabinete devolvem parte dos salários para políticos —, de disseminação de notícias falsas (Fake News), de uso de funcionários fantasmas, de quebra de decoro parlamentar e de ligação com suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O caso mais emblemático envolve Fabrício Queiroz, amigo do presidente e ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Todos lembram da investigação sobre movimentações financeiras atípicas, a exemplo de um cheque de R$ 24 mil para a primeira-dama da República, Michele Bolsonaro, que deu origem a um imbróglio jurídico que chegou a paralisar temporariamente centenas de investigações no país

Enfim, se Moro veio .carregado de lições a dar, deveria ter ampliado sua fala para apontar os rumorosos casos que o cercam em Brasília e aqui, com o principal aliado político do governo.  Mas ele preferiu ser muito bem seletivo, em um evento do Ministério Público que também parece ser seletivo em suas investigações, que nunca alcançam a Prefeitura de Boa Vista e o Governo do Estado.

Sequer na questão migratória ele mostrou-se firme para apontar soluções com o poder de  ministro da Justiça, deixando transparecer que não tem o poder da caneta em suas mãos.  Até mesmo ao se deparar com estudantes  adolescentes nas ruas do Município de Pacaraima, que protestavam contra um estupro e pediam solução para a criminalidade provocada pela migração venezuelana (Veja foto acima), Moro esquivou-se e disse que precisava seguir o vice-presidente Hamilton Mourão, saindo de fininho pela direita.

Traduzindo: não podemos esperar muito dessa visita de Moro e Mourão, porque até o vice-presidente também tentou amenizar a questão da migração, como se a Operação Acolhida estivesse resolvendo a questão e que a interiorização, que demora uma eternidade, fosse a única solução. Resta agora a bancada federal roraimense e as demais autoridades locais se unirem para impedir que o Governo Federal continue ignorando o Estado. Porque de Moro e Mourão não se pode esperar muito não (só pra rimar de novo!).

*Colunista

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