Foto: Miquéias Monteiro

A força-tarefa montada pela Delegacia Geral da Polícia Civil na Divisão Especial de Combate à Corrupção (Decor) cumpriu na manhã desta quarta-feira (18) quatro mandados de busca e apreensão referentes à primeira fase da “Operação Ninfa”, que investiga esquema que fraudava o processo seletivo indígena na Secretaria Estadual de Educação (Seed) de 2015 a 2018.

O nome da operação Ninfa é referente às fases do ciclo de vida do gafanhoto. Remete à Operação “Praga do Egito”, que ficou conhecida como “Gafanhotos”, outrora implementada no Estado, em que a fraude ocorria na folha de pagamento de servidores públicos. Entretanto, neste caso, a fraude ocorria com um volume menor, no setor de Recursos Humanos da Secretaria de Educação.

Os trabalhos de investigação são coordenados pelo delegado titular da Decor, Juseilton Costa, e o delegado Wesley Costa Oliveira, que integra a força-tarefa. Contou com a participação de policiais de Alto Alegre e da Decor.

Os quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências de pessoas investigadas no esquema que, em um primeiro momento, trouxe prejuízo de R$ 4 milhões aos cofres públicos.

Após a oitiva de pessoas investigadas no esquema de corrupção, a Polícia Civil constatou que a fraude já ultrapassava os R$ 5,6 milhões e que pode ser ainda maior os prejuízos aos cofres públicos.

“Foi instaurado um inquérito policial na Decor, juntamente com a força-tarefa criada pela Delegacia Geral, onde se apura fraudes na inserção de nomes no processo seletivo em área indígena. Na manhã desta quarta-feira, demos início à primeira fase da Operação Ninfa, para darmos cumprimento aos quatro mandados de busca e apreensão em quatro lugares distintos, dentro da capital”, explicou o delegado Juseilton Costa.

De acordo com o delegado, os nomes eram inseridos no processo seletivo realizado para a área indígena de Roraima, mas efetivamente as pessoas não trabalhavam, recebiam apenas os valores referentes aos salários.

“Uma das investigadas que participava do esquema revelou que a fraude começou no final do ano de 2015 e início do ano de 2016, na gestão da ex-governadora Suely Campos. Segundo a investigada, todas as vezes que tinha um processo seletivo na Seed, antes da divulgação da lista, alguns políticos apresentavam nomes de pessoas que tinham interesse que fossem inseridas no processo seletivo e, muitas das vezes, com qualificações inferiores aos que participavam do certame”, detalhou o delegado.

Juseilton Costa detalhou que as investigações ainda estão no início. “A pessoa não informou nomes repassados por esses políticos. Entretanto, os nomes constantes nessas relações eram de pessoas que iriam trabalhar e outros não. Em alguns casos algumas dessas pessoas iriam ficar a disposição dos gabinetes desses políticos e, outros, no Palácio Senador Hélio Campos”, detalhou.

O delegado titular da Decor disse ainda que as informações repassadas pela investigada estão sendo esmiuçadas e que já há uma lista com mais de 30 nomes de pessoas que recebiam salários com valores entre R$ 3 a R$ 5 mil e que não trabalhavam efetivamente nas comunidades indígenas.

“As fraudes ocorriam nos processos seletivos em áreas indígenas, porque desta forma não teria como ter um controle desses seletivados, tendo em vista que as comunidades são distantes. Esses nomes eram inseridos para receberem o dinheiro e ficava a critério desses políticos se essas pessoas iriam ou não trabalhar. Essa investigada especificamente inseriu nome de quatro parentes dela e que durante um bom período recebiam sem ir trabalhar”, adiantou.

Diligências

Segundo o delegado Wesley Costa de Oliveira, as diligências realizadas na manhã desta quarta-feira resultaram na apreensão de um veículo, adquirido com recursos oriundos da fraude. Além disso, foram apreendidos telefones celulares e um pendrive que serão submetidos à perícia criminal.

“Com as diligências, conseguimos obter mais informações de outros envolvidos no caso. As investigações agora entram em outra fase, em que iremos atingir os demais envolvidos neste esquema criminoso. Acreditamos que essa funcionária atuava com a conivência de superiores e estamos tentando chegar a essas pessoas, que autorizavam a inserção dos nomes para que a fraude ocorresse”, detalhou Wesley Oliveira.

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