Foto: reprodução

E de repente, não mais que de repente, parlamentares passaram a ser solidários neste momento de incertezas, doando máscaras e respiradores para as unidades de saúde, além de cestas básicas para o povo em quarentena. A realidade exige mesmo solidariedade e empenho de quem tem condições financeiras de agir.

Porém, não é esse o papel de vereador, deputado estadual e federal  nem de senador. Legislar é apenas uma de suas funções. Mas o de fiscalizar o poder público é o mais nobre e importante, pois tal atividade evita a corrupção, raiz de todos os males que afligem a sociedade.  Fiscalizar os atos dos executivos permite a correta aplicação dos recursos públicos para o funcionamento de todos os setores, a exemplo da saúde, segurança e educação.

Muitos falharam nessa missão, para a qual são eleitos e bem pagos, por isso chegamos a este nível de mazelas nos setores imprescindíveis para o bem coletivo, especialmente na saúde pública, que ora passa por um severo teste diante da nova doença que avança sobre a população. Em Roraima, a saúde vem caminhando na calamidade há tempos, sem que as autoridades agissem para estancar a corrupção.

Com sério risco de o sistema colapsar, exatamente pela falta de empenho dos parlamentares em fiscalizar e do governo em agir de forma rigorosa, agora surgem parlamentares despertando seu sentimento solidário para fazer doações ao governo e aos mais pobres.  Mas esse ato não expia a culpa de quem não fiscalizou ou não agiu para impedir as mazelas.  Ou se elegeu comprando votos.

A saúde pública chegou à situação de calamidade pela falta de ação de quem deveria fiscalizar as ações  e exigir a aplicação dos recursos de forma correta. Mas, ao invés disso, muitos agiram de forma inversa, a exemplo do que apontou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Roraima que investiga a Saúde, em que o ex-secretário Allan Garcês disse, em seu depoimento, que parlamentares iam até ele pedir cargos na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). Imoral!

A pandemia vai passar e a vida da sociedade  seguirá seu curso normal. Porém, os políticos agora terão a obrigação de não serem mais os mesmos ou de seguirem nessa ação de achar que doar é sua principal missão. A partir de agora, parlamentares precisam tomar a consciência de que seu papel é responsável pelas mazelas ou pelo bom funcionamento dos setores públicos, conforme sua atuação política.

E cabe à sociedade cobrar o bom desempenho de quem fiscaliza e legisla, incluindo aí órgãos e instituições, já que todos estão sentindo agora o que a falta de ação de governos e dos políticos pode causar na saúde púbica. O coronavírus provou que o poder público tem papel essencial quando a economia está sob ameaça.  O capitalismo sozinho não sustenta a sociedade quando falta mão de obra. Temos que cuidar de nossos governos e isso é papel de todos, políticos e cidadãos.

*Colunista

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