Cerca de três mil famílias em Boa Vista vive em área considerada precária e mais propícia à propagação do novo coronavírus. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 3,3% dos domicílios da capital estão em “aglomerados subnormais”, o que indica locais adensados em áreas urbanas onde falta infraestrutura ou padrão nas construções.
De acordo com o levantamento, maneira como estão organizados os domicílios e as condições de moradia das famílias são fatores importantes na definição de ações relacionadas à contenção da pandemia de coronavírus. Se os domicílios estão mais próximos, fica mais difícil evitar a proliferação do vírus entre os moradores da região.
Entre as capitais, Boa Vista é a terceira do Brasil com o maior número de habitações em comunidades deste tipo em comparação proporcional ao número de moradias. Em primeiro lugar está Belém, com 53% dos domicílios em aglomerados subnormais. No extremo oposto estão Campo Grande, com 1,4%, e Goiânia, com 2,4%.
Segundo o IBGE, os fatores que caracterizam esses aglomerados são a falta de titularidade do terreno – como é o caso de áreas invadidas -, a ocupação desordenada, as construções improvisadas e a precaridade de serviços públicos essenciais (água, esgoto, coleta de lixo) e de infraestrutura (ausência de calçamento, iluminação, calçadas, etc).
Estão nesse grupo os loteamentos irregulares, as comunidades que vivem em morros e encostas, as palafitas nos mangues e as invasões, por exemplo.
Esses dados, que seriam utilizados no planejamento do próximo censo demográfico, tiveram a divulgação antecipada na semana passada para que possam servir de referência aos gestores municipais e estaduais na definição de ações de combate à pandemia.
Comunidades
O maior aglomerado subnormal de Boa Vista fica no João de Barro, no bairro Vila Nova de Colares. Há 675 famílias no local, segundo o IBGE. O João de Barro foi declarado como Área de Interesse Social em 2011. Foi ocupado de forma irregular e sem aprovação do município, pois o projeto não atende as exigências da Lei de Parcelamento de Solo, por responsabilidade exclusiva do dono original do lote.
Já a Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, continua sendo o maior aglomerado subnormal do país, com 25.742 domicílios.