Praça das Águas, um dos cartões postais de Boa Vista. Foto: arquivo/PMBV.

É criminoso o que os governantes fizeram com a saúde pública de Roraima, em todos os níveis, ao longo dos anos. Mesmo com a chegada em massa de venezuelanos, devido à migração desordenada, continuamos com a menor população do país, mal ultrapassando os 600 mil habitantes, o que representa 0,3% da população nacional.

Trata-se da população de um bairro de qualquer Capital brasileira. Boa Vista, a Capital, abriga cerca de 400 mil habitantes, o que representa 60% da população total. Conforme mostram os números, era para o Estado ter a melhor saúde do país, com tantos recursos federais que chegam.

Mas, em Boa Vista, a prefeita Teresa Surita (MDB) preferiu trabalhar a estética, a dotar a Capital de uma saúde de qualidade. Com cinco mandatos, ela investiu pesado na jardinagem, a ponto de a empresa paulista responsável por cuidar das flores e gramas das ruas e praças, a Sanepav, ter recebido R$400 milhões nessas duas décadas, por meio de contrato licitatórios contestados judicialmente.

Em vez de postos de saúde equipados, com número de profissionais suficientes e todos os insumos necessários, a Prefeitura construiu jardins e praças que enchem os olhos, mas que hoje não trazem nenhum consolo às famílias de quem morre à míngua implorando atendimento, vítima de coronavírus.

A cidade vem sendo administrada para que grandes empresas de fora abocanhassem altas somas de recursos com obras estéticas. A Senapav é apenas uma delas. Se metade do dinheiro gasto com jardinagem fosse investida em saúde, não haveria gente sofrendo na fila dos postos de saúde neste momento.

Na esfera estadual, a situação é de caos completo muito antes da migração desordenada e da pandemia. Mas o governador Antonio Denarium (sem partido), eleito para resolver os problemas da corrupção, apenas seguiu reproduzindo os esquemas viciados. São R$219 milhões enviados ao Estado pelo Governo Federal, grana esta que ninguém sabe onde está sendo aplicada.

No final do mês passado, um senhor que deu entrada no Hospital Geral de Roraima (HGR) foi mandado para casa mesmo com exames apontando que seu pulmão estava 50% comprometido devido ao coronavírus. Não havia respiradores. O paciente faleceu numa clínica particular.

Essa é a realidade da saúde pública em Roraima, cujos governantes agiram com criminoso descaso com a população. A pandemia só veio revelar a desestrutura aguda que penaliza todos, especialmente quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS). E para desviar a atenção sobre suas responsabilidades nesse caos, Prefeitura de Boa Vista e Governo do Estado ficam em acusações mútuas, como se os problemas não fossem com eles.

Jogo de cena para fugir da culpa, especialmente Teresa que por 20 anos optou pela estética.

*Colunista

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