Foto: divulgação

Item indispensável para higienizar as mãos e garantir a prevenção contra o coronavírus, a água tratada, em boa parte, não tem chegado sequer até a casa dos roraimenses. É o que mostra uma pesquisa divulgada hoje (4) pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com ONG Water.org, que indica ainda que a cada quatro litros de água tratados no estado, três ficam pelo caminho.

As perdas no abastecimento acontecem por vazamentos, ligações clandestinas – também conhecidas como ‘gatos’ – e falhas de leitura de hidrômetro. O índice de perda na distribuição é um indicador de eficiência, o que, de acordo com o estudo, “deixa claro problemas estruturais no setor de saneamento básico do estado”, apota

O levantamento utilizou a base de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) que é, atualmente, a base de dados mais completa sobre o setor no Brasil. Os dados analisados são de 2018.

Ainda de acordo com o estudo Roraima perde 80% da água tratada e não faturada. Na distribuição, 73% são perdidos o que equivale a quase três litros a cada quatro tratados. Os números colocam Roraima como o pior entre todos os estados. É como se cada morador abastecido com água tratada em casa perdesse 1,4 mil litros por dia – quase uma caixa d’água e meia, considerando o tamanho padrão.

Entre os municípios pesquisados, Boa Vista subiu uma posição em relação ao levantamento anterior e chegou a 73,5% de perda no faturamento – o pior entre os pesquisados. A capital ficou também com a terceira pior perda na distribuição entre as cidades. Cada morador perde 1,3 mil litros por dia.

Já a região norte teve um aumento das perdas por ligação de cerca de 14% entre
2016 e 2018. O impacto pode ser atribuído aos estados do Amazonas e de Roraima, que
tiveram aumento de 48% e 32%, respectivamente, em suas perdas.

O presidente-executivo do Instituto, Edison Carlos, ressaltou no estudo que essa perda ocorre por mau uso e ineficiência das empresas fornecedoras do serviço e tem impacto ambiental, econômico e social.

“Ambiental porque é preciso tirar mais água da natureza para cobrir o que foi perdido. Econômico porque a empresa não recebe pela água perdida. E social porque quem fica primeiro sem água são os mais pobres, os que moram em lugares mais carentes”, avalia Carlos.

Um novo Marco Regulatório do Saneamento Básico está em tramitação no congresso nacional. Com ele, buscasse mais capital privado e maior competição no setor para que a quebra do monopólio seja permitida e problemas como esses possam ser evitados através de mais recursos e monitoramentos.

Questionada pela reportagem, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) não respondeu até o fechamento da matéria.

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