Reforço dos pilares de sustentação é necessário para que Orla Taumanan não desabe, mas obras estão paralisadas
Pilares das plataformas que deixaram de ser construídas podem ser vistos somente na seca do Rio Branco
Mal planejada, plataforma baixa da Orla alaga em inverno rigoroso e ameaçou desabar no ano passado

É muito grave a situação da Orla Taumanan, erguida no Berço Histórico de Boa Vista. Mas as autoridades fiscalizadoras fazem pouco caso sobre aquele local, que por pouco não desabou depois de um tremor na estrutura, no final de maio de 2019, seguido de um grande estrondo ouvido por quem estava no local. Nem a Prefeitura de Boa Vista dá a devida atenção à “velha orla” porque a nova paixão da prefeita Teresa Surita (MDB) é a “nova orla”, chamada de Parque Rio Branco, que está sendo construída na área que era chamada de Beiral, também às margens do principal rio da Capital.

Na verdade, não há “velha orla”. O que existe é o abandono da obra de escoramento dos pilares da plataforma baixa, que rachou no ano passado e corria o risco de desabar, por isso a Orla Taumanan está fechada e com os serviços paralisados, cujo prazo inicial para conclusão do reforço da estrutura seria de 150 dias, no valor de quase R$324 mil. A emissão do contrato dessa obra foi em 02 de dezembro de 2019.

A nova orla tornou-se o  xodó político de Teresa, o novo bibelô eleitoral dela, cuja obra não paralisou um dia sequer durante o isolamento social decretado pela prefeita. Inclusive, há duas semanas, ela própria foi visitar a obra e subiu os 86 metros da torre do mirante que foi erguido no local.  A “velha orla” fica a poucos metros, mas a prefeita sequer foi lá para averiguar o motivo da paralisação do serviço de escoramento e constatar a favelização do local.

Os olhos de Teresa brilham quando ela fala da nova orla. Afinal, ela terá o custo final de R$134,4 milhões, o que significa mais um megalômano projeto municipal, enquanto os postos de saúde ficaram no abandono durante 20 anos. Teresa levou autoridades a visitarem a obra, na semana passada. Mas é preciso mais que visita. É necessária uma rigorosa fiscalização para garantir que a estrutura está sendo bem feita, sob risco futuro de provocar prejuízos aos cofres públicos, como está ocorrendo com a “velha orla”, e até mesmo evitar acidentes que possam provocar uma tragédia sem precedentes.

A  Orla Taumanan foi erguida sem respeitar o aspecto histórico e cultural do povo roraimense, uma vez que a estrutura acabou sendo instalada onde ficava o primeiro porto fluvial de Roraima, o que permitiu o surgimento de Boa Vista e a ocupação de Roraima. Historiadores não foram ouvidos. Os representantes da sociedade organizada não foram consultados. Teresa decidiu sozinha e sequer fiscalizou a construção. Muito menos os órgãos fiscalizadores agiram.

A consequência disso foi que a obra da Orla Taumanan apresentou erros do início ao fim, com o desabamento de um dos pilares no início da construção, em 2003. Mas o caso foi abafado na época. A obra também ficou incompleta, pois o projeto inicial indicava quatro plataformas, mas apenas duas foram erguidas. Os pilares da terceira plataforma chegaram a ser construídos, mas foram abandonados. Os restos desses pilares só podem ser vistos no verão, durante a seca do Rio Branco (veja foto acima).

A obra pela metade resultou em grave suspeita de irregularidade, da qual surgiu a ação civil de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal, que apontou desvio de R$2,8 milhões, que era o valor que faltou para erguer as duas outras plataformas. Como Teresa sempre teve as costas largas, ancoradas pelo seu mentor e mestre, o ex-senador Romero Jucá (MDB), nunca mais se ouviu falar dessa ação.

E a consequência da falta de transparência e fiscalização está aí, como uma orla abandonada, construída em um local que “matou” o Berço Histórico de Boa Vista e cuja plataforma que ameaçou desabar alaga durante um inverno mais rigoroso, como ocorreu em 2011, revelando mais um erro grosseiro no planejamento da obra. É por isso que os órgãos de controles e os órgãos fiscalizadores precisam agir para fiscalizar o escoramento da estrutura da Orla Taumanan e também a construção da nova orla Parque Rio Branco, para que não soframos duras consequências no futuro, como está ocorrendo hoje com a “velha orla”.

*Colunista

 

 

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