Portal do Milênio, no complexo poliesportivo Ayrton Senna, um dos cartões postais no Centro de Boa Vista

Os 130 anos de Boa Vista, neste 9 de julho de 2020, será lembrado sem qualquer festa. Talvez seja o único momento na História que ocorre um episódio desta magnitude, devido  à pandemia do coronavírus que acomete e mata pessoas. Mas podemos aproveitar o momento para aprender com tudo isso para que todos saiam fortalecidos.

A grande lição a ser tirada desse terrível momento é que a saúde pública é muito mais importante que qualquer outra obra normalmente imposta por nossos governantes, a exemplo do que vem ocorrendo com a Prefeitura de Boa Vista, cuja prefeita Teresa Surita (MDB) insiste em ficar lembrando insistentemente que tem várias obras a serem inauguradas.

Com a pandemia, o boa-vistense aprendeu que o atendimento básico nos postos de saúde é essencial para evitar que as pessoas agravem sua situação de saúde e, por consequência, corram o risco de morrer no Hospital Geral de Roraima (HGR), ou mesmo antes de chegar lá.

Devido à irresponsabilidade de nossos políticos, que fizeram o boa-vistense acreditar que os postos de saúde seriam unidades sem importância, para onde a pessoa só ia pegar encaminhamento para fazer exames nos hospitais estaduais ou fazer curativos. Até mesmo para tomar remédios para dor de cabeça e febre o paciente estava procurando o atendimento de urgência e emergência, no HGR.

E foi assim por longos anos, para o deleite dos administradores municipais que se viam desobrigados a investir na saúde pública, em especial no atendimento básico, onde muitas vidas teriam sido salvas se a Prefeitura tivesse adotado, desde o início da pandemia, um protocolo de atendimento que possibilitasse enfrentar a Covid-19 na sua fase inicial (veja mais aqui).

Hoje estamos pagando com a vida pelo grave desaparelhamento no atendimento básico. E é essa lição que o cidadão contribuinte, políticos e administradores públicos devem aprender daqui para frente. Também é essa reflexão que devemos fazer no aniversário de Boa Vista, para que nos anos futuros tudo seja diferente, para o bem de todos e o desenvolvimento da cidade e do Estado.

Embora Boa Vista tenha se desenvolvido a partir de várias ondas migratórias (até então a maior delas foi a corrida pelo diamante e pelo ouro, desde 1930 até os fins da década de 1980), se não houver comprometimento das autoridades para fazer a leitura correta e tomar decisões seguras e rápidas, a população irá sofrer muito mais com a atual onda migratória, com a chegada em massa de venezuelanos.

A saúde pública tornou-se apenas mais urgente neste momento de pandemia. Mas é necessário os políticos aproveitarem que iremos partir para um “novo normal” e passarem a adotar uma nova postura a fim de consertar erros históricos, adotando políticas públicas  que possam evitar o caos, tanto na saúde, na segurança, na educação e na infraestrutura, especialmente na mobilidade urbana.

Boa Vista terá um novo desafio pela frente. A pandemia é um marco que veio para fazer todos enxergarem o que importa mais para a coletividade e o que é imprescindível para o bem-estar coletivo. É necessário cair numa profunda reflexão, superar o luto dos que sucumbiram frente a esta terrível doença e partir para um novo compromisso com a finalidade de superar a crise resultante da paralisia social e econômica frente à quarentena.

Então, que esses 130 anos possam servir de amadurecimento, ainda que forçado por essa pandemia. Boa Vista irá superar tudo isso. Basta que haja uma grande mobilização de todos os setores, com a colaboração de uma sociedade que precisa acordar, antes que seja tarde.

*Colunista

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here