A prefeita Teresa Surita (MDB) foi ontem para a sua bolha virtual, o Twitter, tentar desqualificar o artigo publicado por esta coluna, publicado no mesmo dia. Ao dizer que se tratava de “fake news” (notícia falsa) a informação da retomada da odiosa “carrocinha” no Centro de Zooneses, ela ainda tenta confundir a opinião pública dizendo que os textos publicados aqui seria uma “matéria sem as devidas averiguações jornalísticas”.
Antes de tudo, é comum Teresa classificar de “fake news” tudo aquilo que a incomoda (veja aqui ). Foi assim quando as redes sociais propagaram a informação da matança de cães no Centro de Zoonoses, no ano passado. Mas logo a informação foi confirmada e o fato veio a público (veja a matéria clicando aqui). Além disso, sua postagem no Twitter deixa claro que ela nunca desceu do palanque, ao dizer que estamos em período eleitoral.
É necessário deixar bem claro, também, que este espaço aqui trata-se de Opinião, portanto, nada tem a ver com “matéria jornalística”. Essa forma errada de tratar esta coluna de Opinião é uma tática na tentativa de desqualificar o conteúdo aqui publicado, podendo até querer sapatear em cima, mas nunca negar a veracidade.
Teresa pode espernear à vontade para dizer que nunca teve intenção de retomar aquele execrável serviço da carrocinha aos moldes do que era feito no passado, laçando animais no meio da rua. Mas os carros que foram adquiridos por ela são, SIM, para recolher animais, serviço esse popularizado como “carrocinha”. Isso ela não pode jamais negar. E também jamais poderá realizar o serviço como era feito no passado bem recente, em sua administração, pois houve um extermínio sem precedentes naquela época e há uma sentença judicial que a impede de repetir a cena de horror no Centro de Zoonoses.
Mas essa negativa é mais uma forma que Teresa usa como tática para fugir quando é incomodada. Foi assim quando veio a público a matança de 443 animais no período de 2015 a 2018, sem qualquer tipo de controle ou estatística. Quando a bomba estourou, ela classificou o fato como “fake news”. Mas o escândalo vinha sendo ocultado muito antes, quando tudo foi denunciado no Ministério Público, ainda em 2012, que por sua vez tentou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para impedir a matança de animais e estruturar o Centro de Zoonoses.
À época, a Prefeitura não quis acordo e se negou a assinar o TAC, pois, afinal, a prefeita nunca levou a sério aquele órgão ministerial, obrigando o MP a entrar com uma Ação Civil Pública, ajuizada em 2013, diante de denúncias de que Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVCZ) estaria praticando eutanásia em animais sadios, dentre outras irregularidades absurdas.
Quase Teresa se livrava dessa, como sempre vem ocorrendo. A sentença foi pela improcedência da ação em 2017, porém, mediante recurso do MP, por meio da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, o Tribunal de Justiça julgou favorável e tornou definitivo o Cumprimento de Sentença de Obrigação de Fazer, em 2018, ocasião que gerou ação de execução para cumprimento das obrigações somente em 2019 (veja aqui).
É isso que a prefeita Teresa Surita quer ocultar. Nunca houve política para o setor de combate, prevenção e controle de zoonoses, por isso Boa Vista está tomada principalmente por cães nas ruas. Não precisa ir para a periferia. Ali no complexo poliesportivo Ayrton Senna, seu principal bibelô político, há cães que se proliferaram no matagal que circunda o Ginásio Totozão e aos fundos do terreno do Hospital Geral de Roraima (HGR) e da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Até cavalo é colocado para pastar por lá.
A matilha perambula a qualquer hora do dia naquele setor do Ayrton Senna, no Centro, há muitos anos, se reproduzindo e se alimentando de restos de comida dos restaurantes da região (com tudo fechado, agora a situação piorou). Nos bairros, o cenário é bem pior, já que a prefeita nunca quis agir com verdadeira visão de “Iti Malia” nessa questão. Nem sequer se preocupa em dotar o setor com um orçamento que permita realizar um trabalho educativo, preventivo e de enfrentamento ao problema.
Portanto, fake é esse programa “Iti Malia”, que esbarrou na incompetência, na falta de orçamento e na falta de planejamento em conjunto com entidades que trabalham com acolhimento de animais abandonados. Sempre foi assim. Teresa não gosta de ouvir a sociedade. Ela decide sozinha, por se achar a dona das galáxias e “presidente do país Boa Vista”, como ela gosta de comentar em sua bolha virtual.
*Colunista
