É de domínio público que o ex-senador Romero Jucá (MDB) inventa feitos (fake news) para faturar politicamente sobre eles. Por isso é sabido que não seria bem assim, como ele anunciou em um vídeo, na tarde de segunda-feira, que ele pessoalmente teria conseguido o valor de R$30 milhões para a Prefeitura de Boa Vista, em Brasília, destinados ao combate do coronavírus, sendo que R$3 milhões já seriam liberados nesta semana.
Não tardou para logo a verdade vir à tona. O dono do feito para repassar recursos para a Capital de Roraima foi o senador amazonense Eduardo Braga (também do MDB), mas Jucá se apressou em correr para suas redes sociais para fazer anúncio, iniciativa esta que deveria ter sido da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB). Esta sim é quem teria de agradecer a Braga e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), os verdadeiros articuladores.
Porém, o fato mais intrigante não foi Jucá se apressar em gravar um vídeo se autopromovendo, pois ele já é contumaz em se passar como prefeito de Boa Vista. Só para se ter uma ideia, nem de prefeita Jucá chamou Teresa no vídeo. Referiu-se a ele como apenas “Teresa”. O que chama atenção neste fato é saber o motivo pelo qual Eduardo Braga se encheu de bondade por Boa Vista, enquanto para a capital de seu Estado, Manaus, ele destinou somente R$6 milhões para o coronavírus, mesmo que aquela metrópole amazônica tenha se tornado o epicentro da Covid-19.
Imprensa amazonense já deu o alerta
Há algo muito estranho nisso. A imprensa amazonense já está com uma pulga atrás da orelha. Não é à toa, pois Braga destinou, no ano passado, tão somente R$4 milhões para serem repartidos para saúde pública de 12 municípios amazonenses! (veja aqui). No entanto, de uma só lapada, ele já liberou imediatamente R$3 milhões antecipados dos R$ 20 milhões destinados para Boa Vista. Pelo menos Jucá “dedurou” o senador amazonense.
Quando tem dedo de Jucá no meio, significa que é necessário ficar de olhos bem abertos. Com esse recurso, dá para a Prefeitura de Boa Vista adotar o protocolo que deveria ter sido colocado em prática desde o início da pandemia, em todos os 54 postos de saúde, que é atender todos os pacientes com sintoma do coronavírus com teste imediato e a entrega do kit com medicamentos para evitar que a doença evolua e o paciente piore, sendo obrigado a ir para o Hospital Geral de Roraima (HGR) com o pulmão já comprometido, à beira da morte.
Prefeita poderia cancelar reabertura do comércio?
Tudo indica que Teresa não quer protocolo algum, a não ser a forma como já vem sendo feita, com apenas nove postos de saúde atendendo a pacientes de Covid-19, do total de 54. Então, surge uma ligeira desconfiança de que a prefeita possa voltar a pregar o terrorismo outra vez e mandar todo mundo continuar em casa. Será?!
Teria ela intenção de cancelar o cronograma de reabertura gradual do comércio, marcado para o dia 20 deste mês? Poderia ela decretar o prolongamento da quarentena para que todos fiquem em casa, tudo para justificar o gasto dessa montanha de dinheiro que irá chegar, os R$20 milhões conseguidos por Eduardo Braga?
Só o Jucá, seu mentor e mestre, saberia responder a estas indagações…
Afinal, é muita grana que precisa ser torrada, fora os recursos já liberados pelo Governo Federal nos meses anteriores. Mas não se pode subestimar. Teresa é uma boa gastadora de recursos públicos, especialista em farra com obras milionárias licitadas sempre sob suspeitas (ou não licitadas) e sem a mínima transparência para que a sociedade acompanhe a aplicação dos recursos.
E ainda existem as traquinagens já flagradas, como a compra de um terreno porR$2,8 milhões (leia aqui), a construção de um muro para este mesmo terreno por R$1 milhão(veja aqui) , compra de cestas básicas por R$4,5 milhões (detalhes aqui) – tudo sem licitação – e a prorrogação do contrato com a empresa Sanepav no valor de R$77 milhões (saiba mais aqui). Tudo isso enquanto morriam dezenas de pessoas por coronavírus, já que a Prefeitura não estruturou os postos de saúde para fazer o atendimento básico da população acometida pelo terrível vírus.
Dai a necessidade de ficar de olho no gasto desse vultoso recurso. Não se pode esquecer que os governantes locais gostam de fazer contratos sob suspeita com empresas amazonenses. A propósito, é de Manaus a empresa contratada por R$7 milhões para instalar outra “Selvinha Amazônica” na nova orla (leia aqui), batizada de Parque do Rio Branco, uma obra de R$77 milhões só na primeira fase, que está sendo construída às pressas para se tornar o novo bibelô político de Teresa.
Muito suspeita essa benevolência do senador do Amazonas, com o dedo de Romero Jucá no meio de tudo. E com empresas de Manaus levando farta grana de Roraima. É muita coincidência e benevolência ao mesmo tempo acontecendo. É tanta benevolência que até o cego político desconfia.
*Colunista
Esse vagabundo tem que ser banido de Roraima junto com a Tereza essa sanguessuga