Foto: Bruno Kely

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) pediu a exumação dos corpos dos três bebês yanomamis mortos por coronavírus em Boa Vista (RR). Em maio, eles foram enterrados sem o conhecimento das mães. A informação veio à tona após entrevista do líder indígena Dário Kopenawa, da Hutukara Associação Yanomami, ao jornal El País.

Os yanomamis têm tradição de cremar os corpos dos seus parentes. No entendimento do CNDH, houve desrespeito as tradições do povo indigena. Além dos bebês, o conselho solicitou às autoridades a exumação dos corpos de todos os indígenas mortos pela doença no estado. De acordo com o órgão, a possibilidade está prevista no Plano Integrado de Contingência de Sepultamentos de Roraima.

O órgão explicou que três mulheres do grupo Sanöma, da etnia Yanomami, foram afastadas da sua aldeia denominada Auraris juntamente com seus bebês e levadas para Boa Vista com suspeita de pneumonia. Quando internadas nos hospitais as suas crianças foram contaminadas pela covid-19 e morreram.

“As mulheres indígenas foram apartadas de seus filhos sem saber que os corpos dos bebês seriam enterrados – e foram. É como se os corpos de seus bebês desaparecessem tornando para elas um peso ao voltarem para a aldeia sem levarem os corpos de seus filhos. Se isso ocorre é como se tivessem deixado na cidade uma parte delas mesmas, então ficariam a perambular sem rumo”, conta o CNDH.

O órgão também pede também ao administrador do Cemitério Campo da Saudade, no bairro Centenário, zona Oeste de Boa Vista para que providencie um espaço reservado aos corpos de indígenas da etnia yanomami, para garantir a identificação do local de sepultamento.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que em relação a exumação de óbitos existe prazo estabelecido pelo código sanitário do município de Boa Vista que determina o período mínimo de três anos para adultos e dois anos para crianças menores de 6 anos. Se esse prazo não for respeitado o procedimento só pode ser feito mediante autorização judicial.

Todos os procedimentos relacionados a óbitos indígenas foram acordados no Plano de Contingenciamento Indígena, que foi construído de forma conjunta, entre os órgãos públicos e entidades que prestam assistência às comunidades indígenas.

A Sesau ressalta ainda que não foi notificada sobre o pedido do CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos)

 

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