Mercado Municipal do São Francisco se tornou um local fantasma, longe do que já representou ao boa-vistense

Depois de “matar” o Berço Histórico de Boa Vista, ao construir a Orla Taumanan por cima do Porto do Cimento, no Centro, que foi o impulsionador da ocupação e do desenvolvimento do Estado, a gestão da prefeita Teresa Surita (MDB) também cometeu outro atentado ao patrimônio histórico e cultural de Roraima: sentenciou de morte o Mercado Municipal de São Francisco, localizado no bairro do mesmo nome.

O mercado passou por uma ampla reforma em sua estrutura,  obra esta que custou R$4,7 milhões, sendo R$4,5 milhões do Ministério da Defesa. Mas o elevado custo da reforma acabou não apenas com seu aspecto histórico, como também a nova estrutura impediu que o local voltasse a funcionar como um mercado municipal, não restando nada daquilo que ele representou ao boa-vistense no passado.

O São Francisco perdeu sua característica histórica, a exemplo de como é em outras capitais, cujo mercado acaba sendo um grande atrativo econômico e cultural, com suas cores, cheiros, comidas, trânsito intenso de pessoas, mercadorias e produtos regionais. Agora o mercado passou a ser um micro shopping, com vendedores oprimidos em boxes onde tudo é proibido, inclusive colocar banca nos corredores, como  é tradição em qualquer Capital do mundo.

Praça de Alimentação está fechada por causa da pandemia: mesas e cadeiras padronizadas

O mercado mais parece um local para dondocas quase histéricas fazerem compras,  mas nem isso ocorre, porque sequer há uma refrigeração ou ventilação adequada para suportar os 40 graus de Boa Vista. Sequer é permitido fazer qualquer alteração para instalar ventiladores de teto ou mesmo central de ar-condicionado.

Não pode colocar placas nem letreiros, a não ser as que foram instaladas provavelmente por orientação de uma provável dondoca que planejou aquilo, como se fosse um shopping para vender farinha em pacotes embalados para presente. Não pode expor produto em bancas nos corredores. Não pode pendurar nada na parede. Não pode sequer instalar uma tomada. Não pode nada.

Ou seja, é um mercado onde não se pode nada. Apenas obedecer. O resultado disso é que a clientela sumiu, o povo não tem mais nenhum motivo ou desejo de ir lá em dias de semana, muito menos nos fins de semana, como era no passado. Tornou-se um mercado fantasmas de luxo, onde encerar o piso parece ser a ordem máxima. Brilha mais que o corredor dos postos de saúde.

Antes da pandemia, os consumidores já  haviam sumido e os donos de boxes estavam fechando as portas porque não conseguiam mais vender nada. Agora, andar pelo mercado municipal tem-se a impressão de estar numa igreja, de tão silencioso, vazio e comportadinho dentro do vidrinho. Um verdadeiro mercado para dondocas que nunca vão aparecer porque não tem ar-condicionado.

O que salva aquele local do vazio absoluto são os restaurantes e vendas de café da manhã. Mas o negócio é tão esquisito, com mesas e cadeiras padronizadas, as quais mais parecem carteiras escolares, não apropriadas para o grande fluxo e o conforto dos consumidores. O salão da praça de alimentação mais parece com um local para merenda de creche para adultos.

 

Um ‘zaralho de asa’ e o culto ao falo

No lugar onde funcionava a feira de pescado mais tradicional da cidade está sendo erguida uma torre

E assim Teresa Surita vai matando os pontos históricos e culturais da cidade. Porque ela não gosta de ouvir a população nem aceita opinião de ninguém. Foi assim que ela matou o Porto do Cimento, construindo a orla com duas plataformas, que mais parecem um  “zaralho de asa”, na beira do Rio Branco, desrespeitando a História do Porto de Cimento. Até a réplica do prédio da Intendência foi reconstruído em outro local que não o original.

Da mesma forma Teresa está construindo a nova orla, o Parque Rio Branco, seu novo bibelô político, com uma torre que mais parece um culto ao falo, no lugar onde deveria ser construído um mercado municipal maior e mais amplo, com destaque para os vendedores de peixes e pescadores que foram desalojados e sacados dali, num verdadeiro saneamento social.

Mas a atual administração não liga para a opinião de ninguém nem quer saber de qualquer aspecto histórico e cultural de Boa Vista ou mesmo de Roraima. A única finalidade é fazer grandes obras para alimentar a sede das empreiteiras, em licitações sempre sob suspeita e aplicação de recursos sem transparência. E assim nossas tradições e História vão morrendo sem qualquer contestação.

E o boa-vistense agindo como se fosse boi ruminando de cabeça baixa para o matadouro…

*Colunista

2 comentários

  1. Depois de muitos anos só hoje que você foi ao mercado?
    Quando passar a pandemia esteja convidado pra ir almoçar lá e ou visitar as lojas, tenho um box lá e essa é a primeira vez que vejo reclamação pela estrutura de lá conheço comerciantes que estão lá desde o antigo mercado e também entre eles não vejo as reclamações que saiu na matéria.

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