Foto: Divulgação | A taxa de ocupação de leitos de UTI destinados para adultos está em 65%

A Prefeitura de Boa Vista chegou a pagar cerca de R$ 1 milhão a mais do que o valor de mercado na compra de testes para Covid-19 em um intervalo de apenas cinco dias. Em uma licitação formal, a prefeitura conseguiu comprar o testes de valor 23,7% mais barato que a dispensa. O Roraima 1 acessou os processos de contratação pelo Portal da Transparência do município e constatou os números.

No dia 3 de junho, a Comissão Permanente de Licitação do Município (CPL) autorizou a compra de 50,4 mil unidades de testes rápidos no valor total de R$ 5,2 milhões. Cada unidade saiu a R$ 105,15. Os medicamentos foram adquiridos da empresa Medical Chizzolini, com sede em Cajamar, no interior de São Paulo em um contrato de seis meses.

Cinco dias, a prefeitura abriu licitação para comprar o mesmo produto. Outra empresa, a Bioplasma Produtos para Laboratório e Correlatos LTDA, de Brasília, foi a vencedora. Com a empresa, foram adquiridos 15 mil testes a R$ 1,2 milhão. Cada teste custou R$ 85. O tempo de contrato é o mesmo do que foi estipulado com a empresa que venceu via licitação.  A homologação do contrato foi publicada no dia 8 de junho, mas apenas com o valor total, sem as quantidades de testes e o valor unitário.

Se a Prefeitura tivesse firmado o contrato emergencial com a mesma empresa que venceu a licitação, teria gastado R$ 1 milhão a menos para a compra dos mesmos testes rápidos. A Justiça estadual chegou a determinar em junho que o governo de Roraima repassasse imediatamente à prefeitura de Boa Vista mais de 6 mil testes rápidos da Covid-19 após ação impetrada pelo Executivo municipal.

Boa Vista está em estado de emergência desde o dia 22 de março. Com a publicação do decreto, o Executivo municipal fica autorizado a firmar contratos sem licitação e também pode fazer gastos não previstos no orçamento, para conter a transmissão do vírus e oferecer os cuidados de saúde necessários.

A diferença nos preços entre o valor de mercado e a compra emergencial foi notada, por exemplo, no escândalo da compra dos respiradores feita pela Secretaria de Estado de Saúde, onde o valor adquirido pelo aparelho chegou a custar quase quatro vezes o estipulado pelo mercado. A denúncia chegou a basear dois pedidos de impeachment contra o governador Antonio Denarium (sem partido).

A reportagem tentou entrar em contato com a empresa por telefone, mas as ligações não foram atendidas. A Prefeitura de Boa Vista também foi contactada para responder sobre a diferença nos números.

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