Pensamento fixo da prefeita Teresa Surita, desde o início da pandemia, é a obra da nova orla (Foto: Giovani Oliveira/PMBV)

Não se pode culpar somente a população boa-vistense pelo fato de boa parte das pessoas não estar mais respeitando a quarentena nem os procedimentos básicos de usar máscara e manter o distanciamento social. Embora a sociedade tenha sua responsabilidade a cumprir, o responsável por disciplinar, fiscalizar e punir é o poder público, que se mostrou ora incompetente ora desinteressado.

Em nível municipal, a Prefeitura de Boa Vista lavou as mãos bem cedo, já que a prefeita Teresa Surita (MDB) isolou-se na sua bolha e não aceitou dialogar com ninguém. A consequência foi a fragilidade da fiscalização para fazer cumprir o decreto desde o início, até chegar aqui, com a Guarda Municipal visivelmente desinteressada em fiscalizar as regras da quarentena.

Teresa não apenas se isolou pessoalmente como até hoje se mostrava interessada em seu projeto político pessoal. Primeiro passou a andar com o ex-senador Romero Jucá (MDB), seu mentor e mestre, para fiscalizar e inaugurar obras. Depois, mais recentemente, adotou seu pré-candidato, o vice-prefeito Arthur Henrique, para passear com ele na companhia de Jucá.

O ato favorito de Teresa, desde o início da pandemia, é fiscalizar a construção da nova orla, o Parque do Rio Branco, de onde posta foto e faz comentário quase diariamente em suas redes sociais, como pensamento fixo. Ela não esconde a pressa em inaugurar aquela obra, seu novo bibelô político, desde quando o coronavírus matava pessoas todos os dias.

Se no auge da pandemia a prefeita quase não falava sobre coronavírus e nem se importava com o atendimento básico, neste momento a amnésia seletiva só se ampliou, já que a campanha eleitoral começou e o grande objetivo do grupo Jucá é eleger o sucessor de Teresa, como projeto principal de sobrevivência política do desempregado Romero Jucá.

Então, em vez de direcionar a ira somente para as pessoas que não estão mais cumprindo o isolamento nem o distanciamento social, os críticos deveriam cobrar de quem mais tem culpa: as autoridades municipais que lavaram as mãos para que a situação chegasse a esse nível. Só para se ter uma ideia, não há ninguém multado pelo não uso de máscara em locais públicos e privados.

Se as autoridades, a quem compete dar o exemplo e fiscalizar o cumprimento das determinações de prevenção e combate à Covid-19, terem lavado as mãos em troca de seus projetos políticos e eleitorais, então não tem como esperar outro comportamento senão este da população boa-vistense, que sequer se preocupa mais em higienizar as mãos na entrada do supermercado.

*Colunista

 

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