É o povo que banca a campanha eleitoral por meio de um fundo eleitoral de mais de R$ 2 bilhões (Foto: Divulgação)

A campanha eleitoral acaba servindo como um sinal verde para as antigas patifarias na política, as quais conhecemos muito bem, mas fazemos o favor de esquecê-las. Em Boa Vista, uma das práticas velhacas foi inaugurada bem cedo: a uso da Justiça com a finalidade de provocar uma autocensura em quem critica ou faz denúncias.

Esse uso do instrumento judicial acaba por sufocar a Justiça Eleitoral, que por sua essência é lenta pelos motivos que já conhecemos. Significa mais recursos públicos para mediar a indústria dos processos judiciais alimentadas pela política partidária, indústria essa que enche os bolsos de alguns advogados.

Já foi bem pior essa prática em Roraima, quando cada grupo político tentava sufocar seus adversários e críticos na base de ações judiciais por qualquer motivo, a menor crítica, o que demandava uma perturbação para quem precisa se defender, a ponto de fazer o crítico ou o denunciante  silenciar-se, provocando uma autocensura.

Outra velhacaria que ressurge a cada campanha eleitoral é a amnésia seletiva, que faz os políticos perderem completamente seus supostos princípios e ideologias pregados em seus discursos antes dos pleitos. Eles se aliam a adversários históricos, como se fosse algo muito natural, e fazem acordos com grupos que antes pareciam água e óleo.

Há deles que inclusive vão a cartórios para registrar acordos perante o eleitor, como se os cartórios fossem cobrá-los depois. Esse tipo de político acredita na amnésia do eleitor, pois eles sabem que até casamento acaba, onde há juras de amor eterno, até que a morte os separem, quanto mais um papel assinado por políticos velhacos.

Não precisa forçar muito a memória. O governador Antonio Denarium (sem partido|) e seu vice, Frutuoso Lins (PTC), foram ao cartório comprometer-se mediante um documento público, nas últimas eleições, mas logo em seguida os dois racharam, esquecendo-se do que assinaram em cartório. E quem ainda lembra disso? Poucos, muito poucos.

Denarium também está no centro das ebulições da velhacaria, ao eleger-se prometendo uma postura, com assinatura em cartório e tudo, mas não tardou para entregar o seu governo a um grupo político de ocasião formado para disputar as eleições municipais, o qual antigos adversários, que juravam ódio eterno, agora andam de mãos dadas e fazendo novas-velhas promessas.

Dentro dessa velha política o mais tradicional deles é o grupo do ex-senador Romero Jucá (MDB), que tem no cabresto a prefeita Teresa Surita (MDB), que por sua vez tem nele seu mentor e mestre desde quando eram casados.  Esse grupo é ás nas patifarias de antigamente. Basta puxar a ficha judicial de Jucá e Teresa para ter uma noção no que ele andou se envolvendo desde que ele chegou aqui, no final da década de 1980.

E assim as máscaras vão caindo, uma a uma, com os patifes de antigamente se valendo do esquecimento do eleitor, fazendo da campanha eleitoral um circo em que o palhaço é o povo, que banca tudo isso com o fundo eleitoral bilionário, o qual é dividido entre 33 partidos o valor de mais de R$2 bilhões.

Os montes maiores na divisão desse vergonho bolo são os seguintes: o Partido dos Trabalhadores (PT), que receberá a maior fatia, mais de R$ 201 milhões, seguido pelo Partido Social Liberal (PSL), com cerca de R$ 199 milhões, e pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com aproximadamente R$ 148 milhões.

Engana-se ou deixa-se enganar quem quiser, pois a internet é uma besta-fera de memória gigante. Basta puxar no Google a ficha judicial ou policial de cada candidato para saber em qual patifaria cada um se enquadra. E mais máscaras vão cair durante esse processo eleitoral. O eleitor precisa estar atento para as armadilhas que estão sendo montadas.

*Colunista

 

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