O ministro do TCU Jhonatan de Jesus ao lado do pai, o senador Mecias de Jesus, ambos do Republicanos. Foto: Ascom parlamentar

Segundo informações enviadas pela Polícia Federal ao ministro Luís Roberto Barroso, o esquema de direcionamento de verba para combate à Covid-19 para contratação superfaturada de empresas envolve pelo menos mais um senador e um deputado.

De acordo com os investigadores, tanto Chico Rodrigues quanto o senador Mecias de Jesus (Republicanos) e o deputado Jhonatas de Jesus (Republicanos) negociaram a destinação de verbas para combate ao novo coronavírus a Roraima em troca da contratação, pela Secretaria de Saúde do estado, de empresas indicadas por eles.

A PF contou ao Supremo que as informações foram prestadas voluntariamente por um ex-servidor da Secretaria chamado Francisvaldo.

Segundo Francisvaldo, numa reunião na Secretaria de Saúde em 16 de abril, ele foi pressionado pelo vereador de Boa Vista Rômulo Amorim e pelo empresário Guilherme Salomão a assinar um contrato com uma empresa de Salomão. Esse contrato estaria vinculado ao envio de emendas parlamentares de Mecias de Jesus e de Jhonatan de Jesus ao estado.

Cada um dos parlamentares enviou R$ 2,5 milhões a Roraima, contou a PF ao Supremo, com base nos relatos de Francisvaldo. As informações estão na decisão de Luís Roberto Barroso que autorizou a busca e apreensão na casa de Chico Rodrigues:

“Quanto a este tópico da investigação, Francisvaldo asseverou que, em reunião ocorrida em 16.04.2020, teria sido pressionado pelo vereador Rômulo Soares Amorim e por Guilherme Salomão – sócio de empresas do ramo hospitalar – a direcionar licitação da Secretaria de Estado da Saúde de Roraima relacionada à aquisição de kits de testes rápidos para a detecção do Covid-19.

Tal certame estaria vinculado a emendas parlamentares do Deputado Federal Johnatan Pereira de Jesus e do Senador Antônio Mecias Pereira de Jesus, cada qual no valor de R$ 2,5 milhões. Na ocasião, Guilherme Salomão teria feito uma ligação ao Deputado Federal Johnatan Pereira de Jesus que, por sua vez, teria confirmado ao denunciante que tanto o vereador Rômulo Amorim como Guilherme Salomão atuariam em seu nome”.

Hoje, Barroso determinou o afastamento de Chico Rodrigues do cargo por 90 dias. Ele também está proibido de se encontrar com outros investigados no caso – entre eles, o senador Telmário Mota (Pros-RR).

Nem Rômulo Amorim nem Guilherme Salomão, citados no relatório, foram localizados pela reportagem. O espaço fica aberto para manifestações.

Em nota enviada à imprensa, o senador Mecias e deputado Johnatan de Jesus afirmam que nenhum dos citados são investigados no inquérito.

“ A busca por recursos ao Estado é inerente à atividade parlamentar. Todavia, os parlamentares não têm ou tiveram qualquer ingerência na destinação dos recursos. Aliás, a Secretaria de Saúde informou que até a presente data, as emendas no valor de R$2.500.000,00 cada, obtida por iniciativa de Mecias e Johnatan, ainda não foram destinadas a qualquer contratação, empenho ou liquidação de despesa, encontrando-se ainda, conforme declaração pública do Secretário de Saúde, Marcelo Lopes, nos cofres do Estado”, informa.

*reportagem atualizada em 16/10/2020 às 18h40, com resposta do senador Mecias e do deputado Jhonatan de Jesus. 

1 comentário

  1. É exatamente aí na Terra de seu Chico Rodrigues que o Miliciano Jair Bolsonaro está bombando com 66%, segundo o IBOPE. Quer dizer, os três senadores do estado, envolvidos com roubo em dinheiro público até o gogó.

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