Foto: Divulgação

Não pode ser considerada uma sentença verdadeira quando o governador Antonio Denarium (sem partido) afirma que não sabe de nada, como foi o episódio dos seguidos casos de corrupção na saúde pública estadual, quando secretários foram substituídos em sequência. Ele não tem o controle de tudo, mas sabe muito bem o que se passa. E como sabe.

Existe um vídeo em que Denarium mostra arrependimento por ter entrado para a política partidária. Na gravação, ao ser cobrado por um interlocutor, ele afirma que havia entrado numa enrascada ao se eleger governador. Governar um Estado não é o mesmo que cuidar de fazendas de gado e soja, uma vez que esses negócios não precisam mais de meia dúzia de empregados.

É por isso que Denarium sempre permitiu e incentivou um governo paralelo, enquanto ele finge governar Roraima postando um governo imaginário em seu  perfil no Facebook. Foi assim com o seu primeiro chefe do Gabinete Civil, que era mais que um super secretário, um personagem que tinha ingerência em setores importantes como a Secretaria Estadual da Saúde (Sesau), conforme ficou evidente no depoimento de um ex-secretário, Allan Garcês, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde.

O governo paralelo montado no Gabinete Civil acabou se transformando em uma crise política que culminou com o titular da pasta se demitindo. O novo titular recebeu a missão de reordenar a casa e controlar a grave crise que se criou. Porém, um novo governo paralelo surgiu logo em seguida.

Agora o governador Denarium passou a dividir o comando do Governo do Estado com a esposa, Simone,  que inclusive tem uma sala, com a placa indicando “Primeira-Dama”, só para ela despachar dentro do Palácio Senador Hélio Campos, em um flagrante ato de improbidade administrativa que precisa ser investigado pelos órgãos fiscalizadores.

Fontes palacianas que entraram em contato com esta coluna afirmam que, além da esposa de Denarium dar ordens e despachar assuntos inerentes ao papel do chefe do Executivo, ela tem à sua disposição servidores públicos estaduais que cuidam da sua agenda, das redes sociais e de outras demandas particulares.

Este flagrante irregularidade, além de revelar o desprezo com que o governador trata seu cargo e a administração do bem público, porque a ele não interessa o bem comum da sociedade, o governo paralelo comandado pela esposa representa um grave desvio de finalidade pública.

Conforme aponta a Lei número 8.429, de 02 de junho de 1992, trata-se de improbidade administrativa a utilização por particular de prédio público com anuência do gestor, bem como uso de servidores públicos indevidamente para realizar serviços a uma pessoa particular.

As redes sociais da mulher e do próprio governador estão fartas da anuência de Denarium com essa divisão de comando com a esposa. Em todas as postagens em que aparece junto com a mulher, ele sempre se refere no plural, como “nosso governo”. Não é à toa que, no Palácio, a esposa age como se fosse a governadora ad hoc, uma vez que Denarium não dá a mínima para ter o comando do governo.

Interessa a Denarium agir como ele sempre fez nos seguidos governos antes de se eleger, ou seja, às sombras, fazendo negócios para suas empresas e para os empreendimentos de seus parceiros empresários, bem como atrair investidores para seus negócios imobiliários. Os próprios agricultores já perceberam que não podem esperar mais nada dessa administração que finge estar construindo uma nova matriz econômica baseada no agronegócio.

Trata-se de um governo à deriva, cujo maior exemplo foi o último acordo que Denarium fez com o grupo que comanda a candidatura da deputada federal Shéridan Oliveira (PSDB) em troca de apoio para sua campanha à reeleição em 2022. O núcleo desse grupo está todo enrolado no caso do escândalo da cueca, protagonizado pelo senador Chico Rodrigues (DEM).

Só aí dá para se ter uma ideia no que se tornou esse governo. Com este acordo com o grupo de Shéridan, torna-se uma ficha pequena essa prática de improbidade administrativa devido ao governo paralelo comandado pela esposa de Denarium.

A verdade é que quem menos manda nessa administração é o próprio governador, que fica brincando de governar nas redes sociais, enquanto a esposa dá ordens e decide, assim como o grupo de Shérindan controla outros setores. É o triste fim de um governo perdido, mas que ainda acredita que possa se reeleger, caso o grupo do escândalo da cueca ganhar a Prefeitura de Boa Vista.

Agora, com a palavra, os órgãos fiscalizadores. Atenção Ministério Público!!!!

*Colunista

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