Museu Integrado de Roraima, no Bairro dos Estados, em Boa Vista. Foto: Reprodução

Uma paródia que circula nas redes sociais denuncia o descaso do poder público com o patrimônio histórico e cultural de Roraima. A produção, que fez uma releitura da música Rorameira Makunaimando, de Eliankin Rufino, mostra o abandono de prédios históricos na capital Boa Vista.

O vídeo repercutiu em uma live da Associação Nacional de História (ANPUH) – seção Roraima, ocorrida no último dia 20 de novembro. O material assinado pelo ‘Movimento pela Conservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Roraima’ foi apresentado pela arquiteta e urbanista, Cláudia Nascimento. [Confira vídeo a partir do tempo de 1:29:56].

A reportagem do Roraima 1 não localizou os autores da paródia. Ainda não se sabe quando o material foi produzido, mas em entrevista ao portal de notícias, Cláudia Nascimento, que é professora e pesquisadora na Universidade Federal de Roraima (UFRR), comentou sobre a importância de preservar referência material.

“Quando se perde a referência material, o suporte das memórias, o documento físico, é muito mais difícil reconstituir uma narrativa de uma identidade. É difícil ensinar e mais difícil aprender”, comentou a arquiteta e pesquisadora, que também é representante no Fórum Nacional de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural.

Teatro Carlos Gomes, no Centro de Boa Vista. Foto: Reprodução

Cláudia Nascimento, que está a frente de pesquisas relacionadas à cultura, disse que o vídeo é um instrumento de pressão e que merece resposta com ações efetivas.

“É importante destacar que quem executa de fato a política pública de preservação cultural não é a sociedade, mas as instâncias administrativas que possuem atribuição de executar”, alertou.

Na capital Boa Vista, prédios históricos, como o Teatro Carlos Gomes e Casa da Cultura,  seguem abandonados há décadas. Alguns outros espaços foram derrubados para novas construções.

Não podemos considerar que seja possível congelar o tempo, assim como não é possível preservar todo o passado. Entretanto, é importante não negligenciar a passagem do tempo, construir formas corretas de preservação, saber reconhecer o que tem valor referencial, disse Cláudia Nascimento, pesquisadora e professora na UFRR

 

O que o governo diz
Por meio de nota, o governo de Roraima disse que vai investir R$ 40 milhões na reforma e restauro de cinco prédios públicos antigos que abrigavam órgãos oficiais do Estado.

“As obras beneficiadas serão Totozão, Casa da Cultura, Secretaria de Educação, Secretaria de Administração e Feira do Passarão”, informou.

Dos cinco prédios públicos que estão sendo reformados, apenas um, a Casa da Cultura, é um prédio histórico realmente homologado pelo Iphan.

No caso específico da Casa da Cultura, a Secretaria de Infraestrutura contratou uma empresa especializada para desenvolver o projeto de restauro, justamente por ser um prédio histórico e o Governo de Roraima respeitar os padrões culturais antigos que ali estão impressos.

Os outros quatros prédios que serão reformados ou reconstruídos, têm projetos que se adaptam as necessidades tanto dos servidores, quanto das pessoas que o utilizam.

Um desses é a Feira do Passarão que tem um projeto novo, moderno, atendendo as necessidades dos feirantes expostas ainda na fase de levantamento do projeto.

A reportagem também solicitou um posicionamento da prefeitura de Boa Vista, sobre ações e investimentos para o patrimônio histórico e cultural, e aguarda resposta.

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