Foto: Divulgação | Roraima Energia

Em novembro de 2017, a revista Veja publicou uma ampla reportagem que relacionava o então senador Romero Jucá (MDB), que na época era o todo poderoso em Brasília, com a crise energética em Roraima. Como o povo tem memória curta, é bom relembrar para refrescar a memória.

A reportagem já lembrava o que não era mais nenhuma novidade para os roraimenses: um dos grandes entraves para o desenvolvimento do Estado é a instabilidade no fornecimento de energia. E Roraima continua totalmente isolado do Sistema Interligado Nacional de eletricidade até os dias atuais, embora Jucá tenha sido o político mais influente da República desde a década de 1990.

A situação dos roraimenses piorou depois que a Venezuela ruiu e cortou a importação de energia para Roraima, que ficou completamente dependente do fornecimento de usinas termelétrica. Os apagões são constantes principalmente no interior do Estado, onde o fornecimento está sob responsabilidade da Oliveira Energia, cuja desconfiança da sociedade da empresa recai sobre o ex-senador Jucá, conforme foi comentado no artigo anterior.

Devido a esta crise energética, conforme lembrou a Veja, Roraima lançou um plano de investimento em usinas térmicas e geradores. E advinha quem foi o idealizador do projeto? Ele mesmo: o então senador Romero Jucá. Conforme a reportagem, os novos geradores foram adquiridos em contratos emergenciais e custam milhões e milhões de reais para ser mantidos.

Naquela época, a empresa que respondia pela distribuição de energia era a Boa Vista Energia, então subsidiária da Eletrobras, que antes dividia o serviço com a Companhia Energética de Roraima (Cerr), cuja concessão de funcionamento foi cassada devido ao alto volume de dívidas acumuladas.

Um importante detalhe: quem dirigia simultaneamente as duas empresas era Luiz Henrique Hamann, apadrinhado de Jucá. Ele só saiu do comando da Boa Vista Energia em 2016 porque foi indicado pelo então senador Jucá para a diretoria de distribuição da Eletrobras. E foram as empresas Boa Vista Energia e a CERR que contrataram as empresas escolhidas para fornecer os geradores a fim de abastecer o Estado.

Naquela época, todas as subsidiárias da Eletrobras foram loteadas pelos políticos locais, por isso os leilões de empresas energéticas padeciam de vícios de todos os tipos, conforme a Veja. E havia sinais de superfaturamento por todos os lados: as distribuidoras estatais indicavam quantidades maiores que o necessário e o volume excedente era contrabandeado. Uma verdadeira máfia.

Com o Ministério de Minas e Energia controlado até 2016 pelos caciques do PMDB do Norte e do Nordeste, então foi dado aval ao Estado de Roraima para que fechasse contratos emergenciais, a custos elevadíssimos, ainda conforme a reportagem da Veja, na época.

Foi aí que surgiu a Oliveira Energia, com sede em Manaus (AM), uma empresa desconhecida nacionalmente e que conseguiu barrar algumas das maiores empresas do setor energético para prestar o serviço em Roraima. Tratava-se de uma modesta revendedora de motores de barco, que a partir de 2009 deu um salto ao entrar no mercado de geradores.

Foi esta empresa que comprou a distribuidora da Eletrobras em Roraima pelo simbólico valor de R$50 mil e que hoje fatura milhões com a crise energética roraimense, conforme foi lembrado no artigo de ontem. E desde o início havia as marcas de Jucá nos entendimentos políticos e nas negociações por meio de seus indicados no sistema energético.

Hoje o Estado de Roraima revive o temor do fantasma de um apagão, a exemplo do Amapá, enquanto a ex-esposa de Jucá, a prefeita Teresa Surita (MDB), antecipa a iluminação com enfeites natalinos, esbanjando energia elétrica de um sistema que só tem combustível em estoque para três dias, como forma de ganhar dividendo para o candidato do grupo de Jucá.

Jucá e seu grupo são os principais culpados por Roraima nunca ter conseguido ter independência energética. Os fatos estão aí para quem quiser constatar. O desespero em voltar ao poder só tem um motivo: manter seus negócios que a política partidária proporciona. A questão energética é apenas um desses negócios.

*Colunista

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