Garimpeiro morto dentro de uma vala na Terra Yanomami, onde uma guerrilha silenciosa acontece (Imagem: Reprodução de vídeo)

Enquanto o líder da nação brasileira vive de bazófia nas redes sociais e nas suas falas diárias ao sair da residência oficial, o garimpo ilegal avança na Amazônia, com destaque à Terra Indígena Yanomami, no Estado de Roraima, onde centenas ou milhares de homens e mulheres se aventuram no meio da floresta inóspita em busca do sonho de ficarem ricos.

Embora o Exército tenha feito operações e incursões para combater o ilícito, o governo brasileiro não tem um plano definido para impedir o avanço do garimpo, que provoca danos ambientais irreparáveis, prejuízos econômicos ao país incalculáveis e uma guerrilha entre garimpeiros e índios, com perdas de vidas de ambos os lados, que é a versão mais cruel da garimpagem ilegal. Bem como a destruição gradual das comunidades indígenas.

O Governo Federal até hoje não tem uma política ambiental definida, nem mostra forças suficientes para impor autoridade nem entendimentos para mediar a regulamentação da exploração mineral em terras indígenas que possa ser capaz de impedir ou frear a garimpagem ilegal que gera danos e perdas a todos.

Os garimpeiros sempre foram a ponta de lança de grandes mineradoras e, principalmente, donos de maquinários que investem pesado na manutenção do garimpo ilegal, com a contratação de garimpeiros em um regime que se assemelha muito a um trabalho semiescravo. São estes pais e mães de famílias desempregados nas cidades que se sujeitam a trabalhar nessas frentes que não medem perigo no meio da floresta em busca do metal precioso.

São esses maquinários que movimentam mão de obra baseada no desespero e no sonho de ficar milionário do dia para noite,  voos ilegais de pequenas aeronaves para abastecer essas frentes com comida, combustível, maquinários e movimentação de trabalhadores, bem como transporte do minério, com grande parte servindo ao esquema de evasão de divisa e enriquecendo apenas uns poucos que investem no negócio ilegal.

Nesse meio tempo, agem os políticos que mentem deslavadamente ao povo, fingindo que estão preocupados com a situação e que estão defendendo o interesse dos garimpeiros, que são pais de famílias desesperados e acossados pelo desemprego nas cidades em crise por todos os lados, onde o “vale corona” distribuído pelo governo está chegando ao fim.

Os políticos fingem muito bem. E vêm mentindo desde a década de 1990, quando o então ex-presidente da Funai, Romero Jucá (MDB), chegou a Roraima por indicação do governo militar e da família Sarney com a missão de entregar a Amazônia para a mineradora Paranapanema.

Como como governador biônico, Jucá não conseguiu levar sua missão para frente e teve que se aliar as forças mineradoras locais, que estavam bem organizadas, começando a mentir que estava apoiando os pequenos garimpeiros. Para isso, Jucá apresentou o Projeto Meridiano 62, que contemplava a organização de garimpagem na Terra Yanomamy, dentro de pequenas ilhas idealizadas pelo Projeto Calha Norte.

Enquanto fingia, o próprio Jucá fazia lobby para grandes mineradores e multinacionais em Brasília. Quando perdeu a eleição para o governo estadual e elegeu-se, em seguida, como senador, Romero Jucá criou sua própria mineradora, em nome da filha, e tentou por duas décadas aprovar seu projeto de mineração que só beneficia empresas privadas e multinacionais.

Já naquela época que Jucá chegou a Roraima para ser o defensor dos interesses da Paranapanema, o Projeto Meridiano 62 idealizado por ele apontava que 78,17% da área da Floresta Nacional de Roraima estava requerida para exploração por grupos nacionais privados, estatais e multinacionais.

Até hoje Jucá finge muito bem, por isso não existe interesse algum de frear a garimpagem ilegal, pois enquanto pais e mães de família invadem desesperadamente a floresta amazônica para destruir tudo em busca do vil metal, os políticos usam isso para mentir que estão defendendo os garimpeiros, quando, na verdade, eles querem entregar tudo para multinacionais da mineração.

Enquanto fingem muito bem, índios e garimpeiros morrem ou se matam, o ecossistema sofre sérios danos, as populações das cidades correm riscos com a degradação e contaminação por mercúrio (uma vez que o garimpo avança principalmente nos principais mananciais de água potável e fornecedores de pesca que abastecem Roraima e o Amazonas), além de outros danos e riscos (violência, tráfico de droga, evasão de divisas, prostituição etc).

No silêncio da sociedade, que achava que o garimpo ilegal é a saída para pais  e mães de famílias, vidas são ceifadas sem o estardalhaço da imprensa e dos políticos. Na primeira semana de dezembro, por exemplo, mais um pai de família foi enterrado numa vala que ele mesmo cavava para garimpar em terras Yanomami, na região do Uraricoera, no Município do Alto Alegre.

De outro lado, vários índios também já foram vítimas de garimpeiros nessa guerrilha no meio da floresta, enquanto outros lotam os leitos de hospitais ou perambulam pela cidade como pedintes.

E o presidente só com bazófias como forma de governar pelo rompante…

*Colunista

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