Prefeito Arthur Henrique (MDB). Foto: divulgação

A administração do novo prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB), que todos sabem ser uma criação do grupo do ex-senador Romero Jucá (MDB), não poderia começar diferente: culpar a oposição pelo que ele não consegue controlar em um governo que mal iniciou.

Não se trata apenas de uma estratégia para esconder sua inexperiência ou mesmo incompetência, mas uma tática para manter um palanque eleitoral permanente. A situação da aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), responsável por prever todos os gastos anuais dos governos, é uma dessas tentativas de criar uma imensa cortina de fumaça a fim de confundir.

A então prefeita de Boa Vista, Teresa Surita, não deu a mínima para buscar entendimento a fim de deixar o mandato com a LOA aprovada, dentro do prazo, no fim do seu mandato. Afinal, ela detinha a maioria absoluta dos vereadores em suas mãos, os quais passaram seu mandato dizendo “amém” às matérias do Executivo.

Mas ela não ligou para isso. Achava que sua popularidade iria ajudar a eleger novamente a maioria dentro da Câmara, de lavada. Mas não foi isso o que aconteceu. Com a renovação na maioria dos assentos do Legislativo municipal, é óbvio que os novos vereadores precisam analisar e discutir a LOA, porque ela é orçamento propriamente dito, que prevê os orçamentos nos principais setores da administração pública.

Como a ordem é manter um palanque eleitoral permanente pelo mesmo assessores da administração anterior que ficaram, alimenta-se uma crise cuja culpa recaiu sobre a oposição, como se ainda estivéssemos numa campanha eleitoral sórdida.

Teresa, de sua bolha virtual, o Twitter, fica alimentando a intriga, subestimando e desprezando os votos dos vereadores. Da mesma forma que determina seus ex-assessores, que foram mantidos na atual administração, colocarem lenha na fogueira da intriga.

Tudo que criaram ao redor da LOA não passa de um factoide fabricado a partir de um fato que deveria ser corriqueiro e bem administrado junto à Câmara pelo novo prefeito e sua base de sustentação. Isso é política na essência. E para isso ele foi eleito. Mas não. Preferiram a politicagem. Vá trabalhar, prefeito, que é melhor para todos! Ou ponha sua base para agir.

Como parte dessa encenação, chegaram a apontar até o gari eleito vereador como o culpado por uma hipotética falta de salário dos garis, caso a LOA não fosse aprovada. Não há a mínimo lógica nisso, muito menos honestidade. O momento é de fazer política entre o novo prefeito e os novos vereadores. Porém, há uma clara intenção de incendiar tudo.

Ainda não se sabe se o prefeito vai reagir ou não às arapucas que o seu grupo irá armar daqui para frente como forma de manter um palanque eleitoral. Ou se sua missão é essa mesma, a de fazer tudo o que o mestre mandar, inclusive ser o “novo Iradilson”, como andam dizendo nos bastidores políticos.

Só para lembrar, o prefeito Iradilson Sampaio também era um vice, que assumiu no lugar de Teresa e, ao tentar conseguir alguma autonomia, teve sua administração sufocada politicamente e excluída de transferência de recursos federais, no tempo em que Jucá fazia chover em Brasília, a ponto de sua administração morrer de inanição, terminando o mandato sem sequer conseguir pagar a limpeza urbana.

Resumindo: à época, foi criado um caos para que Teresa e Jucá reaparecessem como os únicos salvadores. O resto da história todos já sabemos.

Irá o novo prefeito submeter-se a isso? Ou tomará as rédeas da situação para não se deixar apenas um fantoche?

Cenas dos próximos capítulos.

*Colunista

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