(Imagem: Reprodução)

A disposição para ficar alimentando intrigas políticas em início de mandato deve ser por causa da ociosidade a que o prefeito Arthur Henrique (MDB) foi submetido nesta nova missão de comandar a Capital-Estado, o município mais importante de Roraima. É muito peso para quem mal se reconhecia vice-prefeito.

Essa ociosidade não voluntária indica que o novo prefeito não terá muito trabalho pelos próximos meses. Então ele deveria aproveitar esse tempo para estudar a situação da Prefeitura de Boa Vista e assim passar a tomar decisões próprias. Afinal, a então prefeita Teresa Surita (MDB) calculou todos os detalhes para que seu sucessor fique por um período sem causar trapalhadas em seus negócios.

Enquanto todos pensavam nas festas de fim de ano e o povo era convidado a participar de inauguração de praças, Teresa assinava uma enxurrada de adicionais para estender prazos de execução de obras por mais três ou quatro meses e fazendo aditivos com novos valores para as empreiteiras que realizam obras milionárias. E os aditivos seguem neste mês de janeiro de 2021.

A empresa mais beneficiada com esses aditivos foi a Coema Paisagismo, de São Paulo, que foi contratada para construir o Parque do Rio Branco, a nova orla com mirante, e que também está realizando boa parte das obras de pavimentação, asfaltando ruas e avenidas do Centro que já estavam asfaltadas.

Essa empresa praticamente não conseguiu cumprir os prazos para executar a série de outros contratos, especialmente os referentes a obras de asfaltamento, drenagem e calçamento. O esforço foi concentrado na construção da nova orla, inaugurada mesmo inacabada, já que havia sido eleita como o símbolo da administração que se encerrou no fim do ano, a exemplo do que antigos faraós faziam para não serem esquecidos.

A Coema também ganhou um novo contrato milionário de R$29 milhões, no apagar das luzes de dezembro, destinado a obras de asfaltamento de ruas e avenidas da Capital. Isso só demonstra que o novo prefeito não terá com que se preocupar com esse setor, além de ficar engessado para novos investimentos, pois foi feito um festival de contrações na Saúde e Educação.

Como não houve transição, pois Arthur Henrique era o vice de Teresa, a então prefeita aproveitou para dar continuidade ao que ela já havia começado, principalmente brindando com aditivos as duas principais empresas paulistas que pertencem ao mesmo dono, a Coema e a Sanepav, as quais já faturaram seguramente cerca de R$ 1 bilhão nos seguidos governos de Teresa.

Outra empresa beneficiada com aditivos de valores e prazos foi a amazonense DR7, outra parceira de Teresa nos últimos anos, inclusive na mídia, pois o proprietário comprou uma TV em Boa Vista na tentativa de alçar voos maiores na política.

O novo prefeito também não terá o que se preocupar com a Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura (Fetec), que também fez um festival de contratações ao apagar das luzes para que o novo prefeito não mande por lá por um bom tempo. Foi tudo contratado para festas, shows pirotécnicos e apresentações culturais com toda estruturura fornecidas por empresas com valores milionários.

Outros setores fizeram algo semelhante, aproveitando os últimos momentos de Teresa, mas com gasto bem menores, promovendo aditivos com empresas para até janeiro de 2022 (Isso mesmo: 2022!) ou aditivos cuja data de validade foi marcada para começar já dentro dessa nova administração.

Com tanta antecipação na formalização dos processos licitatórios, logo depois que começaram a ser apresentados os resultados das urnas ainda no primeiro turno, em tese o novo prefeito tem mais tempo para aprender a se colocar como mandatário de uma Capital importante e para não ficar servindo de manobra para seus criadores políticos.

Tempo o prefeito tem para fazer gestão política a fim de contornar a crise provocada pelo seu grupo com os novos vereadores. Mas, pelo que se desenrola, o prefeito Arthur está sendo orientado a não se meter em nada, muito menos nos contratos formalizados pela gestão de sua mestra, que tem o ex-senador Romero Jucá (MDB) como mentor.

Afinal, pelo menos até o meio do ano o prefeito não terá que se preocupar com os principais contratos. Já desenharam tudo para Arthur. É só ele não se meter a administrar por conta própria. Aí ele vai encontrar rapidinho o chapéu da viagem.

*Colunista

 

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