Foto: Raphael Alves / EFE

Uma carga de oxigênio enviada pela Venezuela com destino a Manaus, castigada por uma nova onda da pandemia de covid-19 no Brasil, cruzou nesta segunda-feira (18) a fronteira binacional, informou uma fonte familiarizada com o tema à AFP.

O comboio aguarda o sinal verde das autoridades da fronteira para seguir seu caminho, acrescentou a fonte.

Trata-se de uma caravana de caminhões carregados com 136.000 litros de oxigênio destinados a Manaus, capital do Amazonas, depois do colapso dos hospitais pela explosão de casos de coronavírus nesta cidade de 2,2 milhões de habitantes, segundo o governo de Nicolás Maduro, que não é reconhecido pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

O cônsul da Venezuela em Boa Vista, no estado fronteiriço de Roraima, Erick Gana, disse à televisão estatal venezuelana que o oxigênio deve chegar na madrugada de terça-feira à capital amazonense.

“Vai chegar diretamente a Manaus” para ser distribuído nos centros de saúde, afirmou o diplomata por telefone ao canal VTV, que divulgou vídeos dos caminhões na estrada.

Uma segunda onda de covid-19 no Brasil, onde o vírus deixou quase 210.000 mortos, sobrecarregou os hospitais do estado do Amazonas e praticamente esgotou suas reservas de oxigênio.

Bolsonaro, que descreve Maduro como um “ditador” e não reconhece sua reeleição em 2018 em uma votação denunciada como fraudulenta pela oposição venezuelana, se mostrou disposto a receber a carga.

“Se o Maduro quiser fornecer oxigênio para nós, vamos receber sem problema nenhum. Agora, ele poderia dar auxílio emergencial para o seu povo também. O salário mínimo lá não compra meio quilo de arroz”, disse o presidente nesta segunda-feira a apoiadores reunidos em frente ao Palácio da Alvorada.

No domingo, Maduro disse que a situação em Manaus é um “escândalo”. “A Venezuela estendeu sua mão solidária ao povo do Amazonas (…), aspiramos com a rapidez que este assunto tomou, que esse oxigênio chegue logo para o povo do Brasil”.

A Venezuela enfrenta a pior crise econômica de sua história moderna, com hiperinflação e sete anos de recessão, o que impactou seu próprio sistema de saúde, afetado pela escassez de suprimentos médicos e material de proteção para a covid-19.

Jaime Lorenzo, membro da ONG Médicos Unidos Venezuela, explicou à AFP que o oxigênio não acabou nos hospitais, mas que a infraestrutura para atender problemas respiratórios é precária.

Há pacientes em regiões fronteiriças como Táchira que precisaram recorrer ao mercado clandestino para comprar oxigênio.

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