Madeira ilegal apreendida em janeiro de 2021 em Roraima - Foto: Polícia Federal/Divulgação

O estado de Roraima começa a entrar na zona de alerta para o desmatamento – é o que diz o especialista Daniel Vargas, coordenador do Observatório da Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), instituição da qual é professor.

“A fronteira da economia no estado, antes direcionada para os lavrados no norte, começa a migrar para o sul. Desde a retirada de “arrozeiros” do interior da reserva indígena “Raposa Serra do Sol”, a economia agropecuária tende a avançar para o sul florestado do estado. Em Rorainópolis, um dos novos eixos do desmatamento, o rebanho bovino dobrou em uma década”, analisa.

Os novos focos de alerta na Amazônia se somam aos antigos e criam uma topologia nova a partir de 2012. A base côncava do antigo “arco do desmatamento” é agora cada vez mais preenchida por novos municípios, dando origem a uma “linha reta”, que atravessa mais de 1 milhão de km2 em 5 estados da Amazônia Legal.

“Esta também é, coincidentemente, a linha reta da pobreza na região amazônica. Por lá, estão alguns dos municípios com menores índices socioeconômicos do país. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) per capita no Brasil é de R$ 38,3 mil, nos municípios-prioritários de desmatamento é de R$ 24,2 mil (dados de 2018). Enquanto o resto do Brasil recebe R$ 161 per capita como apoio do programa Bolsa Família, os municípios da linha reta recebem R$ 239 per capita (dados de 2019). Onde a miséria e o abandono gracejam em linha reta, a curva do desmatamento se aplaina e finca raiz”, conclui.

A análise de Daniel Vargas está publicada neste artigo da Revista Globo Rural.

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