Se existe alguém perdido na multidão nessa pré-campanha, pelo visto, esse alguém é o senador Telmário Mota (PROS). Confiante em uma rebaba de espaço no palanque do governador Antonio Denarium (PP), o economista encontrará naquele grupo enorme resistência para estar lado a lado com o governador nos meses que antecedem as eleições.
E ele tem feito de tudo: até apelou para a CNN esta semana divulgar um direito de resposta onde esclarece que sempre foi Bolsonaro, desde criancinha, após a emissora ter lembrado como ele defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e acabou se deixando levar pelo efeito manada no dia da cassação da petista.
O esforço de Telmário tem sido mostrar a Denarium a viabilidade de sua candidatura posta sobre a de Dr. Hiran (PP), correligionário e amigo do governador, na disputa por vaga única a ser preenchida no Senado este ano. Denarium, com a decisão tomada desde o princípio, tem levado Telmário à pagode, dando-lhe só migalhas. Nos bastidores, segue somente uma troca de faíscas entre o deputado e o senador, ainda que esta seja inútil, já que todos sabemos que para Denarium, o único voto a ser pedido durante a campanha, é o que favorece ao oftalmologista.
O governador colocou na balança a idas, vindas e ameaças de Telmário, que se manteve em uma relação conturbada, regada a conveniências políticas e polêmicas pessoais. Ainda assim seguiram juntos, na maior parte do tempo.
Dentre os inúmeros desgastes, houve até episódio em que o senador pediu a cassação de Denarium, por um encontro com milicianos na Venezuela, assim como também houve momentos em que o próprio governador acabou cedendo às investidas do Republicano da Ordem Social do reino das melancias. Quando o senador trocou o PTB pelo PROS, por exemplo, o governador adjetivou publicamente Telmário como “grande líder” e “guerreiro”.
Ao invés de unir-se aos novos nomes que integram seu partido, a exemplo do professor Roberto Ramos, que deixou o PT para ingressar no PROS, e ao próprio presidente estadual da sigla, deputado Renato Silva, militante da base aliada do governo na Assembleia Legislativa, Telmário perde a dignidade quando ainda insiste em apoiar Denarium estando este disposto a defender a candidatura de Dr. Hiran até a última instância, ainda que esta união custe a decadência total da chapa.
E toda essa briga, acredite, é pelo 2° lugar
A pesquisa do Instituto Padrão registrada junto ao T.S.E sob o número RR – 06836/2022, mostra que o ex-senador Romero Jucá, presidente do MDB em Roraima, tem 43% das intenções de voto do eleitor roraimense. Dr. Hiran aparece com 22,9% contra 21,4% de Telmário.
Jucá, que perdeu em 2018 para Mecias de Jesus por pouco mais de 400 votos, tem se articulado com lideranças importantes do interior e relembrado ao eleitor a destinação dos recursos de suas emendas. Com resultados vistos a olho nu, em obras de grande impacto, sobretudo da prefeitura da capital, fica meio óbvio entender o arrependimento da última eleição.
O preterido do eleitor tem seus resultados a mostrar. Enquanto isso, a prefeitura de Boa Vista só se queixa da falta de repasses dos três atuais mandatários no Senado, que em suas ações publicitárias pagas com o dinheiro do contribuinte, exaltam grandes ações e projetos, até agora não sentidos diretamente pela população da capital.
Sem palanque e com tantas relações de desgaste, tendo também sua promessa de perseguir corruptos esquecida ao tempo, Telmário deve amargar a entrega da cadeira de senador por Roraima àquele a quem prometeram expurgar da política nos últimos oito anos. Ignorando o terreno pantanoso do Palácio Senador Hélio Campos, o filho de Normandia caiu em uma armadilha que o levará ao seu próprio sepultamento eleitoral.
– Ao que tudo indica, esses oito anos nada ensinou a Telmário Mota. Ele ainda não acordou do deslumbre do cargo, que não conquistou, pois lhe caiu no colo, consequência da exacerbada vaidade pessoal de seus concorrentes da época. Pobre Roraima, que se obriga a conviver com Representantes dessa qualidade…