Sessão plenária na Câmara Municipal de Boa Vista. Foto: Ascom/ CMBV

Há 1 ano e 4 meses que a Câmara Municipal de Boa Vista tem adotado um estranhíssimo modus operandi para evitar que benefícios públicos cheguem às mãos do cidadão por meio da prefeitura de Boa Vista: os parlamentares ignoram votações importantes, sobretudo aquelas correspondentes às demandas do próprio Executivo. É um ataque direto, pessoal ao prefeito e aos seus aliados políticos do MDB. A péssima tática escolhida pelos vereadores faz com que o boa-vistense também seja afetado por essa falta de celeridade para com o interesse público.

Desde o início da atual legislatura, em janeiro de 2021, ingressaram naquela Casa 58 Projetos de Lei de autoria do município. Ao longo de todo o ano passado, 45 foram votados. Em 2022, dos 13 que foram enviados, 5 ainda aguardam votação. Entenda: já estamos em maio e a Câmara Municipal votou apenas 8 PLs. Qual a justificativa para esse expediente reduzido sempre quando as pautas são as do prefeito Arthur Henrique? O eleitor já compreendeu: é a campanha ao governo do Estado que tem invadido vias alheias, e na contramão.

Vale a pena ver de novo

Em setembro de 2021, a prefeitura da capital enviou a Lei Orçamentária Anual (LOA), que ficou travada, até o começo deste ano, comprometendo diversas proposituras do prefeito para o ano vindouro. Ela só foi votada na marra, em janeiro de 2022, porque desta maneira  a prefeitura não contaria com o aumento de 24,5% do orçamento deste ano, e teria que se virar com o mesmo orçamento do exercício anterior. E eles bem que sabem que quem prejudica a prefeitura, prejudica o povo.

Em outra manobra asquerosa contra o contribuinte, os vereadores deixaram mofar o desconto para pagamento à vista do IPTU, no ano passado. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o Executivo teria que emitir o boleto com desconto com pelo menos 60 dias de antecedência, para poder fazer valer o benefício. Pois os vereadores deixaram a matéria caducar. A prefeitura adiou o vencimento de maio para junho e equilibrou os ânimos, até que a pressão popular conseguisse encurralar a oposição. Outro ataque direto ao nosso bolso.

Também em 2021, os vereadores rejeitaram a criação da Agência Municipal do Empreendedor (AME), que vai ajudar a fomentar pequenos e médios negócios na capital. Em plena pandemia, creia. Sua viabilidade já havia sido discutida, mas a rejeição da Comissão de Constituição e Justiça e da Procuradoria daquele Poder, foi mantida em plenário naquele momento crucial para o bolso do empreendedor. Cinco mil pessoas que precisaram de crédito durante a pandemia não puderam contar com isso, bem no ápice da crise econômica causada pela covid.

Já este ano, cerca de dois mil integrantes de projetos sociais do município tiveram que aguardar por semanas um posicionamento da Câmara Municipal, que também travou um projeto de lei do prefeito ampliando os valores das bolsas que os beneficiários dos projetos Cabelos de Prata, Crescer, ArtCanto, Dedo Verde e Rumo Certo, recebem. Teve pressão, teve diálogo, teve choro, teve tudo, menos agilidade e boa vontade política por parte do Legislativo municipal para fazer acontecer.

Em plena paralisação dos cuidadores, os vereadores de oposição também deixaram para lá os projetos de lei da educação, um deles ampliando o quadro efetivo do município, com 2 mil vagas para professores,  dando as condições de redução da jornada de trabalho dos cuidadores. Outra clara tentativa de sabotagem ao Executivo municipal.

E nesse ritmo, Genilson Costa (SD) acha que está fazendo história. Atingindo o prefeito para evitar que a população mantenha a boa avaliação ao MDB, sobretudo de olho nas eleições deste ano. A oposição segue enfeitiçada pelas promessas infindas de um governo de patetas, e acompanha seu presidente, investigado por suposta participação em esquema de tráfico de drogas, e que já confessou publicamente a interferência de Antonio Denarium (PP) nas decisões daquele Poder.

Em 1 ano e 4 meses, os senhores vereadores só melhoraram as próprias vidas: aumentaram as verbas indenizatórias em outubro passado – de R$ 28,3 para R$ 35 mil. Em dezembro, aumentaram a verba de gabinete de R$ 23 para R$ 32 mil – e isso é sem contar com os salários de R$ 15,5 mil mensais. É mole? Cada um deles custa, em média, R$ 82,5 mil por mês aos cofres públicos, figurando entre os mais custosos (em tempo e dinheiro) da nossa história, para trabalhar em benefício de um político e absolutamente contra o povo de Boa Vista.

E o seu salário nessa história, aumentou em quanto?

Aos aventureiros com mandatos públicos, que olham a política como forma de enriquecimento pessoal, a história segue sendo escrita na memória do eleitor, na biografia da má política, e, em breve, muito em breve, nas páginas policiais.

O(s) pai(s) do Linhão

Assim como a inauguração eleitoreira do bloco novo do HGR, incompleto, com salas vazias, maquinário reduzido e com déficit de servidores, novamente tivemos um anúncio relacionado ao tão aguardado Linhão de Tucuruí, que vai ligar Roraima ao Sistema Elétrico Nacional. Bolsonaro (PL) anunciou que cedeu e vai pagar a indenização de R$ 133 milhões aos povos indígenas da reserva Waimiri-Atroari, entre Amazonas e Roraima, para que o Linhão traga a energia para cá. R$90 milhões serão pagos pela União e os outros R$ 43 pela iniciativa privada.

Entre o anúncio e a obra de fato, meus caros, existem muitos abismos.  A solução do entrave reabre a temporada de promessas políticas mal fundamentadas em ano de eleição. Falta somente os indígenas aceitarem, o senado votar, o dinheiro cair, a licitação ser aberta, as empreiteiras ganharem, e, não havendo revelias jurídicas de parte alguma, aí sim, a obra começa. Até lá, o trâmite legal para que o primeiro trator chegue à Reserva ainda deve demorar tempo suficiente para Denarium acompanhar a inauguração diretamente de seu gabinete de gestor, lá no Frigo10.

O fato é que, como sempre, os políticos daqui deram um jeitinho de aparecer na foto, reivindicando a paternidade do projeto. O governo do Estado divulgou a notícia querendo dar a entender que fossem trabalho ou verbas estaduais, quando na verdade é federal + consórcio de empresas que farão a obra. Não teve Denarium, Chico Rodrigues, Mecias de Jesus, Dr. Hiran, Telmário, Ottaci, Yonne, Sampaio nem finado Chico Doido que destravassem o linhão. Quem destravou – se é que destravou – foi Bolsonaro. E ainda que a obra começasse amanhã, não ficaria pronta nessa gestão. O nome na placa pode ser de outro.

Nesse comunicado, o governo do Estado ainda diz que “caiu o último entrave para o desenvolvimento de Roraima”. Eu ri. Quem dera que para desenvolver Roraima precisasse apenas de eletricidade. A revisão da política fiscal do próprio governo é fator determinante para o sucesso dos negócios por aqui. Sobretudo na indústria. O acesso ao crédito, a qualificação de mão de obra, o desenvolvimento social em torno de qualquer pessoa jurídica, tudo isso é o que determina uma política pública econômica de alto impacto.

É justamente por causa dessa limitação governamental de pensamento, que nossa economia só cresce em setores direcionados. O silêncio do governo com relação ao desnível de competitividade da Zona Franca é o maior exemplo disso. Não atinge os aliados? Pode prosseguir. O pequeno e o médio empresário que paguem a conta. O povo que arque junto.

Édio Lopes e Bolsonaro

O presidente do PL nacional, Valdemar Costa Neto, terá que administrar a insistência do governador Denarium em clamar que Bolsonaro suba em seu palanque, nos próximos meses. O fato é que a relação do presidente com o deputado Édio Lopes, presidente de sua sigla em Roraima, também tem sido fortalecida. Édio é candidato a vice-governador na chapa de Teresa Surita, e isso deixará o presidente com duas alternativas: 1) subirá no Palanque de Teresa; 2) não subirá em palanque algum, em Roraima. Está justificada a insistência de Denarium em aparecer nas fotos, pois isso será possível apenas durante a pré-campanha.

Currículo excepcional

O governo de Roraima anunciou esta semana uma mudança no primeiro escalão. Laercio Gentil é o novo presidente da Junta Comercial, e tem como experiência profissional divulgada pela Secretaria de Comunicação do Estado os atributos de ex-candidato a deputado pelo PSL, bacharel em direito, e seu currículo em gestão pública ainda conta com uma atuação em cargo comissionado dentro do próprio governo Denarium. Uau, que rigor técnico. É bem o perfil da gestão.

O novo presidente substitui Mariana Poltronieri, esposa do empresário Parima, que deixou o governo para apoiar a candidatura de Teresa. O gabinete do ódio tem perdido muito tempo preparando o discurso de que o ex-aliado deixou a base governista porque Denarium não teria aceitado quitar suas dívidas junto ao fisco estadual. O montante seria de R$ 8 milhões. O discurso é improcedente, e, se sua veracidade fosse comprovada, o próprio Denarium estaria em maus lençóis por permitir o esquecimento da suposta dívida por toda sua gestão. Vingativo, ele.

Agora que estão arrumando a casa

O que é um efeito rebote de um mau planejamento de marketing, não é? Com um comercial caro, veiculado diuturnamente pela TV Globo, o governo de Roraima resolveu lançar um jingle bem bonitinho, daqueles que grudam na cabeça. E é interativo com o telespectador. Toda vez que começa a música “Agora que estamos arrumando a casa…” Goreth aqui da rua responde com o risinho no canto de boca: – É mesmo, só agora.  

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