Foto: Ricardo Oliveira

Em coletiva de imprensa realizada na noite desta quarta-feira, 15, a Polícia Federal do Amazonas (PF-AM) afirmou que “remanescentes humanos” foram encontrados enterrados em uma área de difícil acesso, em Atalaia do Norte, região onde desapareceram o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips.

De acordo com o superintendente da Polícia Federal, Eduardo Fontes, só foi possível encontrar a localização exata onde os “remanescentes humanos” estavam, por conta da confissão de Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, um dos principais suspeitos do caso. “Nós não teríamos a possibilidade de chegar nesse local, se não tivesse a confissão. Para avançar mata adentro foram mais de 25 minutos de caminhada”, disse o delegado.

Ainda segundo a Polícia Federal, um dos suspeitos levou as equipes de buscas até o local. Para ter acesso, as equipes precisaram se deslocar de Atalaia do Norte até o ponto onde, anteriormente, foram encontrados os pertences de Bruno e Dom. O trajeto durou cerca de 1h40 de barco. Chegando neste ponto, as equipes ainda precisaram caminhar 25 minutos mata adentro, até a área onde os corpos estariam enterrados.

O delegado federal afirmou que apesar do encontro dos “remanescentes humanos”, ainda não há confirmação de que sejam de Bruno e Dom. O material foi encaminhado até a perícia da PF e as investigações ainda estão em andamento e novas prisões devem ser realizadas.

“Nós temos a dizer que agora nossa investigação chega a uma outra etapa. Ontem a noite, o primeiro preso nesse caso, conhecido como “Pelado”, voluntariamente, resolveu confessar a prática criminosa (…) fomos até o local onde ele havia enterrado os corpos e onde havia escondido as embarcações”, contou o superintendente.

Segundo relato do delegado da Polícia Federal, nesta quinta-feira, 16, eles vão retornar ao local para buscar o barco de Bruno e Dom, que segundo o suspeito Oseney foi afundado em área próxima ao local onde os pertences foram localizados. “Ele informou que colocaram sacos de areia no barco. Primeiro, tiraram o motor e afundaram, depois afundaram o barco. Amanhã estaremos indo ao local buscar a embarcação”, informa.

O material encontrado será encaminhado para Brasília onde deve passar por perícia para confirmar se é da dupla desaparecida desde o último dia 5. De acordo com o depoimento de Amarildo, Bruno e Dom foram mortos a tiros e enterrados, porém, o delegado da Polícia Federal disse que o comitê aguarda pela perícia para ter a confirmação da causa da morte.

Família de Dom
Alessandra Sampaio, esposa de Dom Phillips, se pronunciou por meio de nota a respeito das novas informações divulgadas na noite desta quarta-feira, 15. “Este desfecho trágico põe um fim à angústia de não saber o paradeiro de Dom e Bruno. Agora, podemos levá-los para casa e nos despedir com amor”, diz. Alessandra também afirma que, a partir de agora, o objetivo da família e amigos é em busca de justiça, e finaliza a nota agradecendo quem colaborou com as buscas.

“Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas, com todos os desdobramentos pertinentes, o mais rapidamente possível. Agradeço o empenho de todos que se envolveram diretamente nas buscas, especialmente, os indígenas e a Univaja. Agradeço também a todos aqueles que se mobilizaram mundo afora para cobrar respostas rápidas. Só teremos paz quando as medidas necessárias forem tomadas para que tragédias como esta não se repitam jamais. Presto minha absoluta solidariedade com a Beatriz e toda a família do Bruno“, diz a nota divulgada pela família.

O indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o jornalista inglês Dom Phillips, do jornal britânico The Guardian,. Fotos: divulgação

Relembre o caso
O indigenista Bruno Araújo Pereira, 41, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista inglês Dom Phillips, 57, colaborador do jornal “The Guardian”, desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, ao realizarem um percurso entre a comunidade ribeirinha São Rafael à cidade de Atalaia do Norte, no interior do Amazonas.

Segundo a União do Povos Indígenas Vale do Javari (Univaja), Bruno e Dom viajavam em uma embarcação nova, com motor de 40 HP e 70 litros de gasolina, rumo a uma localidade próxima à Base de Vigilância da Funai, no Rio Ituí, Lago Jaburu, para que o jornalista britânico realizasse entrevistas com indígenas para um livro com temática ambiental.

A Polícia Federal interrogou mais de dez pessoas e prendeu um suspeito, identificado como Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”. No dia 8 de junho, o barco de Amarildo foi rastreado pela polícia, que o encontrou na mesma região onde a dupla foi vista pela última vez.

No domingo, 12, o Comitê de Crise, coordenado pela Polícia Federal do Amazonas (PF-AM), confirmou, por meio de nota, que os pertences encontrados na região do Vale do Javari eram do indigenista e do jornalista inglês.

No dia 14, outro suspeito foi preso, irmão de Amarildo, Oseney da Costa de Oliveira, de 41 anos, que confessou o crime e colaborou com a polícia para encontrar os “remanescentes humanos”, na manhã desta quarta-feira.

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