Antonio Denarium (PP). Foto: divulgação/Facebook Antonio Denarium.

Um estudo divulgado hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que 46% da população roraimense estão vivendo da linha da pobreza para baixo. Isso significa que essas pessoas sobrevivem com até R$ 497 mensais para comer, pagar aluguel, luz, água, remédios, e o que mais surgir de imprevisto no meio do caminho. Ou seja, as necessidades do trabalhador em Roraima não estão sendo devidamente supridas, e os problemas sociais tampouco sanados por meio de políticas públicas que deveriam ser pensadas por quem só fala em eleição: o governador Antonio Denarium (PP). Aquele mesmo, da propaganda de um Roraima melhor.

Do Palácio transformado em QG de campanha, Denarium foca em produzir conteúdo para redes sociais e suas campanhas publicitárias quem dizem hipnoticamente à população que agora a casa está arrumada.  Do outro lado dessas telas está o roraimense que não consegue honrar as contas básicas do lar, e que não entende como que os benefícios anunciados pela gestão não chegam à sua realidade. É fácil delimitar esse problema: sob a ótica privilegiada de quem não sabe o que é a fome, Roraima vai bem. Ao povo, restou assistir ao show de Japinha Conde.

E os concursados?

Esta semana profissionais da educação que foram aprovados no último concurso do Estado e aguardam por nomeação, protestaram na frente da sede da Secretaria Estadual de Educação, até recentemente comandada pela cunhada do governador, para pedir que o governo pare de convocar seletivados de processos já vencidos e nomeie os concursados.

Querendo hiperinflar indicadores e dizer que contratou como nenhum outro em 30 anos, Antonio Denarium utiliza-se desse artifício para dizer que está sempre chamando gente para trabalhar. Mas as condições, você só descobre na hora do pagamento.

E os seletivados?

Depois que a ex-prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), mostrou em suas redes sociais como se faz, o governador Denarium resolveu conceder o 13° e as férias dos servidores seletivados da saúde e educação, pauta reivindicada por este colunista em seu artigo da semana passada. “Pinando”, como a gente diz na Paraíba, Denarium viu que a carapuça de bom gestor iria por água abaixo se esses profissionais continuassem à deriva, como nos contratos anteriores. Quem teve o seletivo vencido e saiu sem receber, já começou a procurar os meios legais para tentar reaver os valores devidos. Coisa de governo que deixa pauta importante para discutir com o servidor só em ano eleitoral.

Arraial da bagunça

Teve tiro, porrada e bomba nesse Arraial do governo, mostrando a total incompetência da Secretaria de Cultura em promover um evento público organizado no estado. Além de um Policial Militar ter atirado contra três pessoas durante a festa, uma delas internada em estado grave na UTI do HGR, há ainda os relatos de completa desorganização por parte do governo com relação à limpeza do Parque Anauá, as inúmeras queixas dos grupos de quadrilheiros quanto à organização do evento, e, pior, até marca de Cerveja ditando regras por lá, já que era a patrocinadora e exigiu que ninguém tomasse bebidas de outra marca dentro de um evento do governo em um espaço público. E o governo? Acatou.

E foram inúmeros os comparativos com o arraial da Prefeitura de Boa Vista. Os visitantes garantiram no município ocorreu justamente o oposto: teve organização, segurança e limpeza dignas da fama dessa gestão.

Assembleia faz média com garimpeiros para angariar votos

Sabendo que é alto o número de eleitores que simpatizam com a causa dos garimpeiros em Roraima, a Assembleia Legislativa aprovou esta semana uma lei, já considerada inconstitucional pelo Ministério Público Federal, que proíbe a destruição de equipamentos durante fiscalizações contra o garimpo ilegal. O que acontece hoje é que maquinários pesados e até aeronaves que são apreendidos nesses locais ermos, são destruídos ainda no local, porque não existem condições para o deslocamento de uma retroescavadeira, por exemplo, do meio da floresta, para a capital. A manobra tentaria ganhar tempo para que os equipamentos apreendidos fossem “legalmente” liberados.

O deputado George Melo comprou a causa e defendeu que isso é arbitrário. É dele o projeto de lei aprovado. Os demais parlamentares sabendo da ineficácia da aprovação dessa lei, que não pode ter efeitos maiores do que os estabelecidos pela Constituição Federal, aprovaram somente porque queriam fazer média com a classe. Driblaram George Melo por semanas, mas pressionados por Rodrigo Catarata, líder do movimento garimpeiro em Roraima, e pré-candidato a deputado nas eleições de 2022, parte dos parlamentares votou “sim”, ainda que soubessem que isso não daria em nada.  A Comissão de Constituição e Justiça fez vista grossa para a legislação Federal. Havendo apreensões em garimpos ilegais, o maquinário continuará sendo destruído. Não esperem mudanças nesse sentido.

Da mesma forma como a Assembleia aprovou e Denarium sancionou a lei que previa o uso de mercúrio em garimpo, e o Supremo Tribunal Federal (STF) mandou anular. A esperança dos pretensos candidatos a continuarem ocupando suas cadeiras no Legislativo estadual é que o STF não veja essa traquinagem antes das eleições, em outubro.

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