Foto: Agência O Globo

​O líder indígena yanomami Davi Kopenawa foi um dos convidados nesta sexta-feira (8) da 26ª Bienal Internacional do Livro e ficou espantando com o volume de pessoas que se aglomeravam por todos os lados e ao seu redor. “Parece que saíram de um formigueiro de saúvas”, disse o autor de “A Queda do Céu”, provocando risos, para logo afirmar que nunca tinha visto tanta gente assim.

Numa fala para um público bastante diversificado —que misturava jovens e adultos— Kopenawa foi duro em críticas ao governo federal. Para ele o presidente quer destruir os povos indígenas e a floresta amazônica. “Jair Bolsonaro trata as nossas terras como um animal”, afirmou, mencionando o seu instinto de destruição. “Ele quer acabar com o povo yanomami, ele quer acabar com a floresta.”

Kopenawa é considerado hoje o principal porta-voz da causa indígena contra a exploração de suas terras por empresas de extração de madeira e do garimpo ilegal.

“Os rios estão ainda mais contaminados, e a floresta muito desmatada, devido à grande invasão dos garimpeiros ilegais e das empresas.” Ele reforça que “esse crime” tem por trás a mão do governo federal, que “fecha os olhos, finge não ver nada”. Ao mesmo tempo, se diz chocado com tudo que está acontecendo e faz um alerta ao dizer que a tragédia contra o seu povo e a floresta está longe de ter um fim.

“Os garimpeiros estão chegando também de São Paulo, para ameaçar, invadir e violentar nossas índias, com ofertas de armas e bebidas”, reclamou diante dos aplausos do público atento que assistia a ele.

Davi Kopenawa chegou a São Paulo na tarde de quinta-feira e esteve no espaço Salão de Ideias no dia seguinte, para falar sobre o tema “Amazônia dos Povos e da Biodiversidade”.

Sua chegada ao pavilhão da Bienal do Livro causou grande movimentação de curiosos. Até o escritor português Valter Hugo Mãe, fã confesso de Kopenawa, esteve entre os que foram pedir autógrafos e assistir à fala do líder indígena.

Bastante indignado com o governo federal, Davi Kopenawa chamou todos à luta para proteger o seu povo e o que ainda resta da floresta amazônica. “Bolsonaro é um cupim destruidor”, disse ao voltar a atacar o presidente da República, para ele um dos principais responsáveis por tudo o que está acontecendo hoje no Brasil e contra o meio ambiente.

“A mineração não traz benefícios para o povo indígena yanomami, só traz a morte, só traz conflitos.” Por último, reafirmou sua condição de brasileiro, ao dizer que não pode ser tratado como um ser qualquer. “Não sou indígena, eu sou um yanomami do Brasil.”

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