Governador Antonio Denarium (PP) e presidente da ALE, Soldado Sampaio. Foto: Secom RR

Um novo episódio de castigo ao servidor público foi denunciado pelo vice-prefeito de Boa Vista, Cássio Gomes, cometido contra sua esposa, a fisioterapeuta Pâmela Gomes, que atendia havia 5 anos no Hospital Geral de Roraima. Sem aviso prévio, no meio das férias, ela foi transferida para a zona Rural da cidade, para trabalhar no Centro de Equoterapia do Monte Cristo. Pâmela, que sempre evitou assuntos políticos dentro do ambiente de trabalho, começou a se ver perseguida de uma hora para outra naquela unidade hospitalar, por gestores que, diferentemente dela, ocupam cargos comissionados.

Ainda que esta profissional não levantasse bandeiras políticas durante o expediente, o fato de ser esposa de quem é a prejudicou pelo medo de manter ali alguém que possa virar algum voto de um servidor comissionado. Colegas da fisioterapeuta procuradas por este colunista contam que sequer sabiam da ligação política da profissional. Pelo contrário, a ela, só elogios. Atendeu ininterruptamente em regime de plantões na linha de frente da covid-19, durante toda a pandemia, inclusive na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde só havia entubados. Neste período chegou a ter férias suspensas e adiadas e não há registros de nenhum episódio que atente contra sua conduta ética e profissional.

O hospital, que não tem baixa demanda de atendimento, jamais poderia se dar ao luxo de dispensar uma fisioterapeuta com essa experiência, mas o fez. Se isso se não é perseguição política, então, o que seria?

A secretária de Saúde do Estado, Cecília Lorezon, que deveria concentrar suas energias em resolver a infinda lista de problemas da nossa saúde pública, (como, por exemplo, preencher as salas fantasmas do novo HGR, providenciar celeridade na reforma da maternidade enquanto mães parem seus filhos sob tendas na beira da BR, ou quem sabe a responsabilidade social em zerar as filas de cirurgias que sempre caminham a passos lentos nessa gestão), foi incumbida por Antonio Denarium (PP) de se livrar de possíveis servidores “vira-votos”, ainda que os mesmos nem tenham históricos nesta atuação.

Essa lista não deve parar por aí e também será expandida a outras secretarias e autarquias. Não haverá hesitação em transferir os efetivos que declarem publicamente apoio à candidatura de Teresa Surita (MDB) ao governo de Roraima. Ainda mais agora que uma nova pesquisa mostrou que a ex-prefeita tem chances reais de ser eleita em primeiro turno. O desespero pós-pesquisa do chefe do Executivo fica nítido quando a lei da canetada começa a ser utilizada em causa própria, e da pior maneira possível: com intimidação.

Com resultados negativos na saúde, educação, no Índice de Desenvolvimento Humano, na economia, o governador do Estado ainda esperneia com uma nova constatação divulgada pelo IBGE: somos o estado mais pobre do Brasil, com o pior resultado de Produto Interno Bruto (PIB) do país. Produzimos R$ 14,3 bilhões, e ficamos em último lugar, mesmo que em outros estados a crise tenha sido mais perceptível e até fenômenos naturais como secas e cheias tenham interferido no crescimento da economia. É fracasso atrás de fracasso.

Com a aproximação da campanha, o próximo alvo serão os comissionados, que vão se ver obrigados a balançar bandeira nas ruas em horário de pico, enquanto cantam “agora que estamos arrumando a casa”.

Na ALE não está diferente

Esta semana o presidente do Poder Legislativo, o submisso-governamental Soldado Sampaio (Republicanos), aquele que prometeu abrir a caixa-preta da gestão de Jalser Renier e revelar todos os segredos ocultos daqueles anos e nunca o fez, lançou sua pré-candidatura à reeleição. Adivinhem? Obrigou grande parte dos servidores daquela Casa a comparecerem no evento de lançamento de sua campanha. Até os concursados que ocupam algum comissionado em horário oposto, foram obrigados a comparecer.

De olho em permanecer na presidência no próximo biênio, contradizendo seus discursos contra Jalser de que o ex-deputado é quem queria se perpetuar no poder, vemos que Sampaio mostrou ser exatamente mais do mesmo. Um presidente que legisla em causa própria e que não sabe dizer um “não”, ao ex-chefe, Antonônio Denarium.

Sendo um dos principais representantes dos militares e demais agentes das forças de segurança, sendo, inclusive, eleito por este segmento, Sampaio mostrou uma gestão de absoluta submissão ao Palácio Senador Hélio Campos. Além de reduzir programas sociais e estruturas de atendimento ao público antes mantidas pela Assembleia, o presidente da Assembleia Legislativa de Roraima teve tempo, teve R$ 55 milhões extras (cedidos pelo próprio governo), mas não teve capacidade para fazer melhor, e conquistar a confiança do eleitor naquele Poder.

Pois quem pensa pequeno, pequeno é.

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