Cantor será um dos destaques de lives deste sábado (19) - Foto: Divulgação

Caetano Veloso chega aos 80 anos hoje como um ícone da música popular brasileira e referência na militância política. Ao longo de mais de 50 anos de carreira, músicas do artista se tornaram clássicas da MPB e suas letras passaram a gerar curiosidade sobre o que significam. O baiano de Santo Amaro da Purificação, pequena cidade do Recôncavo Baiano, tem mais de 600 composições.

Em 1961, aprendeu e passou a cantar com a irmã Maria Bethânia em bares da capital. Em 1967, já no Rio, teria seu primeiro auge, a apresentação de “Alegria, Alegria”, ao som das guitarras elétricas do conjunto pop argentino Beat Boys no 3º Festival da Music, da TV Record.

Em 1968, gravou seu primeiro LP individual, mas foi preso logo e depois e precisou se exilar na Europa após ser solto na quarta-feira de cinzas do Carnaval de 1969. Caetano, Gil e suas mulheres foram para a Inglaterra, onde permaneceram até 1972 quando retornaram ao Brasil definitivamente. Quatro anos depois, ele lançou “Doces Bárbaros”, um dos discos mais elogiados de sua carreira.

Desde o fim da ditadura militar até hoje, Caetano mantém um ritmo intenso de lançamentos e trabalhos artísticos. Em 2003, foi o primeiro brasileiro a cantar na cerimônia do Oscar. Entre 2006 e 2012, ele integrou a Banda Cê com três jovens músicos cariocas e se aproximou do indie. Em 2018, lançou o disco “Ofertório”, em parceria com os filhos Moreno, Zeca e Tom, considerado um dos melhores do ano pela crítica especializada. Em 2021, seu trabalho mais recente, “Meu Coco”.

Para comemorar os 80 anos do artista, Splash te conta a história por trás de oito faixas presentes na história e discografia do cantor.

“O Leãozinho” (1977)

Lançada no álbum “Bicho”, a música fala sobre um “leãozinho” que Caetano gosta de ver caminhando sobre o Sol. Não se trata de um leão de fato, naturalmente. Ele disse que escreveu após conhecer o músico Dadi Carvalho no apartamento dos Novos Baianos. “Dadi era talvez o único dos que estavam lá que eu não conhecia. Ele tinha 17 anos e era – como é até hoje – luminoso, claramente bom”, contou à Folha de S. Paulo.

“Menino do Rio” (1979)

Outra música composta para um homem é “Menino do Rio”. Mas quem é esse tal rapaz, “o calor que provoca arrepio”? No ano de 1971, um píer foi construído na praia de Ipanema, formando ondas e atraindo surfistas.

Dentre eles, o homenageado, José Arthur Machado, popularmente conhecido como Petit, ainda adolescente. Sua beleza e habilidade com a prancha chamavam a atenção, e Baby do Brasil pediu a Caetano para fazer uma música ao jovem. Ele tirou a própria vida em 1989, aos 32 anos, após sofrer um acidente e ter de encerrar a carreira como surfista

“Cajuína” (1979)

O baiano escreveu a música após a morte do poeta piauiense Torquato Neto. Ele conta que estava em turnê e visitou Teresina pouco tempos do poeta ter retirado a própria vida e visitou o pai dele, Dr. Heli da Rocha, um encontro que o fez chorar.

“A casa era cheia de fotografias de Torquato nas paredes. Ficamos os dois sozinhos, ele me consolando. Ele pegou na geladeira uma cajuína, botou em dois copos e não falamos nada. Ficamos os dois chorando. Ele foi ao jardim, colheu uma rosa menina e me trouxe. E cada coisa que ele fazia eu chorava. Fui para outra cidade do Nordeste e, no hotel, escrevi essa música”, explicou no “Altas Horas” (TV Globo).

“Rapte-me Camaleoa” (1981)

A canção é uma declaração de afeto para Regina Casé, que Caetano namorou no início da década de 1980.

“Ela se chamava ‘Camaleoa’ em uma peça (‘Aquela Coisa Toda’). Namorei ela nessa época rapidinho, um tempinho curto. Mas a adoro, sempre. É bem feitinha a letra. E tem de interessante o verso ‘rapte-me, adapte-me, capte-me, it’ s up to me’, que traz uma rima bilíngue”, disse em conversa com o escritor Eucanaã Ferraz, organizador de livros sobre o aniversariante.

“Você é Linda” (1983)

Outra faixa que Caetano escreveu para uma paixão foi “Você é Linda”, que se tornou um dos seus principais sucessos. A mulher se chamava Cristina e era vizinha dele na juventude, em Ondina, na Bahia.

“Não me arrependo” (2006)

Do disco “Cê”, primeiro com a Banda Cê, ele escreveu para a sua esposa Paula Lavigne, com quem está casado pela sua vez. Na época, eles estavam recém-separados da primeira união, diz o livro “Lado C – a Trajetória Musical de Caetano Veloso Até a Reinvenção com a BandaCê” (Máquina de Livros, 2022), de Tito Guedes e Luiz Felipe Carneiro.

“Lobão tem razão” (2009)

Como sugere o título, a faixa é uma resposta ao cantor e compositor Lobão. Presente no disco “Zii e Zie”, é uma reposta ao cantor Lobão, que já tinha escrito uma música chamada “Para o mano Caetano” e vivia falando mal do baiano nos jornais.

“Lobão tem razão ao me dizer ‘chega de verdade’, naquela música emocionante que fez para mim [Para o mano Caetano, de 2001]. A canção é diretamente para o Lobão. E indiretamente para a Paulinha, que me disse já muitas vezes ‘Lobão tem razão’, pontuando críticas que faz a minha personalidade”, disse ao Jornal do Brasil (em trecho retirado do livro “Lado C”).

“Um Comunista” (2012)

Presente no disco “Abraçaço”, também com a banda Cê, a faixa de quase nove minutos é uma homenagem a Carlos Marighella, um dos líderes da luta armada contra a ditadura militar brasileira, segundo o livro de Guedes e Carneiro.

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